O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia nesta terça-feira, 31, sua reunião que deve definir a manutenção do ritmo de cortes de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, levanto o indicador para 12,25% ao ano. Entretanto, como esta é uma decisão esperada desde o último encontro, as atenções dos analistas se voltam para o comunicado a ser divulgado ao final da tarde de quarta-feira, 1º de novembro.
Em sua última reunião, em setembro, o colegiado disse que “em se confirmando o cenário esperado”, os membros do comitê “unanimemente” anteviam redução de mesma magnitude “nas próximas reuniões” e avaliavam que esse seria “o ritmo apropriado”.
Em meio à deterioração do ambiente externo, as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desacreditando a meta de zerar o déficit primário em 2024 adicionam uma dose a mais de incerteza ao contexto que será analisado pelo Comitê. A piora de cenário desde a última reunião não parece ser suficiente para fazer o BC mudar a rota de sua decisão, mas pode fazer com que o colegiado mude a forma de comunicar qual será ritmo nos encontros seguintes, sem se amarrar tanto.
Se o Copom decidisse retirar o plural de “próximas reuniões”, há poucas semanas o mercado entenderia que o Copom estaria disposto a acelerar o passo mais à frente, para reduções de 0,75 ponto por encontro. Agora, provavelmente a interpretação seria de que a autoridade monetária poderia reavaliar a estratégia para desacelerar o ritmo para 0,25 ponto.
O ministro da Fazenda reiterou a busca pelo equilíbrio fiscal sem se comprometer verbalmente com o déficit zero. Além disso, ele admitiu que as projeções da equipe econômica para a arrecadação não se concretizaram, culpando, entre outros fatores, os juros altos.
É bom lembrar que em setembro o tema surgiu no comunicado da decisão do Copom, que reforçou a importância da “firme persecução dessas metas” fiscais, levando em conta o efeito nas expectativas de inflação, trecho que foi visto por integrantes do Ministério da Fazenda como uma “ajuda” do BC ao discurso de Haddad. Com a mudança de cenário, a forma com que o colegiado vai tratar o assunto no documento a ser publicado na quarta-feira se tornou um ponto a mais de atenção.
IMPACTO
O mercado avalia que o corte anunciado pela Petrobras na semana passada deve ajudar a levar a inflação para abaixo do limite de tolerância da meta estabelecida pelo Banco Central para 2023, de 4,75%. O preço médio da gasolina nos postos brasileiros caiu R$ 0,05 por litro esta semana com repasses do corte promovido pela Petrobras em suas refinarias no último sábado, 21. Foi a nona semana consecutiva de recuo. Também refletindo o ajuste feito pela estatal, o preço médio do diesel S-10 subiu R$ 0,07 por litro esta semana, para R$ 6,25. O repasse integral previsto pela empresa era de R$ 0,22 por litro. Com a alta, o combustível é vendido pelo maior preço desde fevereiro.
Entretanto, em fevereiro, haverá aumento do ICMS, segundo despachos publicados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) na última quinta-feira, 26. O ICMS da gasolina subirá R$ 0,15, para R$ 1,37 por litro. No diesel, a alta será de R$ 0,12, para R$ 1,06 por litro. Já a alíquota do gás de cozinha foi definida em R$ 1,41 por quilo, aumento de R$ 0,16 em relação ao vigente atualmente -em um botijão de 13 quilos, a diferença é de R$ 2,08. Juntos serão os primeiros aumentos desde que o imposto passou a ser cobrado em alíquota única nacional.