O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, revelou nesta quinta-feira (3) que o Governo Federal está em “tratativas avançadas” para a compra de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Moderna. Em entrevista ao programa Agora, da Rádio Guaíba, o médico voltou a pedir que a população confie no cronograma determinado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
“A vacina não representa a cura, mas uma forma de prevenir a doença. Ela não significa que 100% dos casos não terão a forma grave. Precisamos acreditar nas vacinas. A OMS já aprovou emergencialmente a CoronaVac, que se mostra útil para o PNI, e vamos buscar novas fórmulas, como a da Moderna. Estamos em negociações avançadas para a compra de 100 milhões de doses”, afirma.
A Moderna ainda não solicitou a autorização de uso da vacina no Brasil à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A fórmula é desenvolvida com tecnologia similar à da Pfizer/BioNTech, e estimula a produção de anticorpos a partir da ação de moléculas de RNA mensageiro. Entretanto, é considerada mais acessível – uma vez que pode ser armazenada em freezers normais e não requer rede de transporte superfria.
Segundo o ministro, a vacinação de todos os brasileiros adultos contra a Covid-19 será garantida a partir de dois eixos. O primeiro deles é a produção nacional do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para a fabricação de doses na fórmula de Oxford/AstraZeneca, que terá início nos próximos dias. O segundo é a aceleração da chegada de doses da Pfizer/BioNTech, prevista para o segundo semestre do ano.
Queiroga se mostrou preocupado com a circulação de variantes do coronavírus em território brasileiro. Entretanto, garantiu que o Ministério da Saúde não tem a intenção de restringir ainda mais a entrada de estrangeiros no país, uma vez que já há veto ao desembarque de cidadãos do Reino Unido, Irlanda, África do Sul e Índia. A medida é uma sugestão da Anvisa.
“Precisamos aderir às medidas não-farmacológicas, que são importantes para apoiar a imunização. Além disso, também vamos fazer um novo programa de testagem, com o uso de exames rápidos. Nos preocupamos com as variantes, especialmente a indiana, e trabalhamos para impedir a transmissão comunitária dessa cepa. Só teremos perspectiva de melhora quando tivermos os resultados de todo esse conjunto de ações”, explica.
CPI da Pandemia
O médico foi uma das primeiras pessoas ouvidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, no Senado. Na próxima terça-feira (8), Marcelo Queiroga volta a prestar depoimento aos senadores que investigam as ações e omissões do Governo Federal no combate à Covid-19. A expectativa é de que ele seja questionado sobre as aglomerações do presidente Jair Bolsonaro e a Copa América.
“Eu já estive na CPI, já prestei os esclarecimentos, e os senadores entenderam que eu devo voltar. Estou à disposição, assim como do Poder Judiciário, do Ministério Público Federal, de todas as instâncias da nossa democracia. Estamos à disposição, especialmente, da população brasileira. Tudo o que eu falei no depoimento, efetivamente, se cumpre na prática”, garante.
O ministro também deve ser confrontado sobre as informações repassadas pela infectologista Luana Araújo, que depôs ontem. A profissional foi nomeada por Queiroga como secretária de Enfrentamento à Covid-19, no Ministério da Saúde, mas deixou o posto após 10 dias de trabalho. Durante sessão da comissão, ela declarou que seu nome não foi aprovado pela alta cúpula do Palácio do Planalto.