O Rio Grande do Sul terá uma renovação de no mínimo 200 prefeitos e prefeitas entre os 497 municípios gaúchos a partir do resultado das urnas deste ano. Levantamento exclusivo da Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs) para o Correio do Povo levou em consideração as cidades em que os atuais gestores não poderão concorrer à reeleição e também aqueles que podiam, mas optaram por não disputar o pleito. Há ainda casos em que, durante a atual legislatura, a administração acabou sendo modificada.
O levantamento elaborado pelo departamento de pesquisa da Famurs mostrou ainda que cerca de 300 chefes de executivo devem estar na disputa em busca do segundo mandato, o que confirma esse como um dos maiores índices de busca pela reeleição no Estado. Para fins de comparação, na última eleição municipal, 222 prefeitos concorreram à reeleição no RS, sendo que destes, 115 foram eleitos novamente pela população.
A pesquisa mostrou curiosidades e discrepâncias em relação às regiões do Estado. Em algumas, todos os atuais prefeitos vão estar na disputa, como é o caso da Associação da Costa Doce, formada por 11 cidades na região de Camaquã; e da Associação da Fronteira Oeste, com 13 municípios. Na Granpal, que envolve a região Metropolitana, apenas um prefeito decidiu não disputar a reeleição, que é o de Santo Antônio da Patrulha.
Dificuldades afastam gestores da reeleição
Mais de 100 prefeitos optaram por não disputar reeleição no Estado. As motivações são variadas, como os que decidiram não concorrer por motivos pessoais, por pressões administrativas ou pelas articulações políticas. Segundo o presidente da Famurs, Maneco Hassen, o elevado número de prefeitos que não quer disputar reeleição chama atenção. “Sabemos o quão é difícil desenvolver um projeto em quatro anos. É pouco tempo. Assim, esse é um número bem representativo e que denota uma certa preocupação da Famurs, por refletir uma pequena desesperança de quem está no cargo”, avaliou Hassen, que está concluindo o segundo mandato em Taquari.
Ele citou entre as razões a dificuldade de se fazer gestão pública; o aumento frequente de responsabilidades e as limitações financeiras. Ressaltou que a pandemia deixou em evidência a importância da gestão local, uma vez que as primeiras ações ocorreram nos municípios. “Houve uma omissão e demora por parte dos governos federal e estadual nesta questão. As ações mais rápidas foram as dos municípios”, enfatizou, citando agora a discussão da volta às aulas.
Outro fator seria as atuações mais incisivas por parte do Tribunal de Contas e do Ministério Público nas gestões municipais, o que inclusive, em determinados momentos se sobrepõem entre si e também sobre a gestão. Citou que muitas situações poderiam ser resolvidas com diálogo e orientação. “Temos trabalhado muito em conjunto e isso tem melhorado. Mas essa situação ainda assusta gestores”, enfatizou. Disse ainda não conhecer nenhum gestor que deixou o cargo sem responder por algum apontamento, que muitas vezes são erros administrativos.