Em entrevista à Rádio Guaíba, o advogado gaúcho Marco Alfredo Mejía, um dos que compõem a defesa do pedreiro Adelio Bispo de Oliveira, agressor confesso do candidato à presidência da República Jair Bolsonaro, relatou que, assim como cliente, também vem sofrendo ameaças pelo trabalho que exerce. Ele também garantiu que Adelio agiu sozinho e que não pode divulgar quem está pagando pela defesa.
Mejía comentou o pedido de teste de insanidade mental para Adelio, negado ontem pela Justiça Federal de Juiz de Fora. O advogado disse que a equipe estuda insistir no pedido, mas que essa ainda não é uma decisão unânime. De acordo com ele, a equipe, de quatro advogados, acompanha os procedimentos e desdobramentos do inquérito.
Questionado sobre os motivos de um advogado de Lajeado, no Vale do Taquari, ter sido contratado para defender um caso de Minas Gerais, Mejía explicou que representa os interesses do escritório Fernando Magalhães e Zanoni Advogados, e que trabalha no caso junto de colegas de Belo Horizonte. Sobre a forma de trabalho, Mejía contou que o grupo divide as atribuições e conversa virtualmente em função da facilidade em acessar o processo, disponível na plataforma online da Justiça Federal.
Quanto à visita a Adelio, o advogado afirmou que ainda não teve a oportunidade de conversar com o agressor. Ele estima que isso ocorra em breve e relata, conforme o que disseram os colegas, que o pedreiro está em uma cela com mais seis presos, em condições consideradas “boas” para o sistema penitenciário. Mejía disse, porém, que o cliente sofre com depressão e nervosismo.
O advogado salientou que a defesa precisa administrar a forma como vai trabalhar, para que tenha êxito na redução da pena mostrando, por exemplo, que o réu confessou o delito. Ele também lembrou que, apesar do clamor social em torno do fato, “totalmente negativo”, a defesa age de forma técnica para que esse clamor seja “manejado dentro do espírito de justiça”.
Nas redes sociais, Adelio garante ter recebido mensagens de ódio postadas por apoiadores de Bolsonaro. Sobre ter receio de que ocorra alguma agressão ao réu, Mejía fala ser “evidente que o fervor de querer fazer justiça com as próprias mãos existe”. Ele confirmou que os advogados temem que algo aconteça com Adelio, embora deixe claro que a banca repudia a atitude do cliente, dizendo ser “bárbara e incompreensível”.