Sobe para 26 o número de pessoas em abrigos provisórios na região das Ilhas

Ilha Grande dos Marinheiros registra 11 pessoas desalojadas e Ilha da Pintada, 15

Ilha da Pintada está inacessível para automóveis - Foto: Ricardo Giusti / Correio do Povo

O Guaíba voltou a invadir ruas e casas, após intensas pancadas de chuva na manhã desta sexta-feira, no bairro Arquipélago, em Porto Alegre. De acordo com a Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), subiu, de 24 para 26, o número de pessoas acolhidas nos abrigos provisórios montados na região das Ilhas.

Entre os desabrigados, 11 (quatro adultos e sete crianças) estão na Escola Estadual Alvarenga Peixoto, na Ilha Grande dos Marinheiros. Outras 15 (sete adultos e oito crianças) estão na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, na Ilha da Pintada.

O marceneiro Vilson Rifrano, de 72 anos, morador da Ilha Grande do Marinheiro, relata que moradores estão sendo obrigados a percorrer de barco alguns trechos da rua Nossa Senhora Aparecida. “Os únicos meios de transporte que as pessoas têm são barcos, de vizinhos e amigos. Seria prudente a Defesa Civil oferecer barcos para fazermos o tráfego aqui”, declarou.

“Seria bom o poder público disponibilizar barcos”, corrobora Valmir Ribeiro, de 37 anos, que tem um filho com transtorno do espectro autista. “Tenho um filho autista, e ele está tendo um retrocesso no desenvolvimento, pois está perdendo aulas e não tem contato com outras pessoas. Eles [poder público] também poderiam ir nas casas das pessoas que tem consultas médicas [marcadas], já que demora muito tempo para remarcar”, constatou ele, que trabalha executando serviços gerais.

Contatada pela reportagem, a Defesa Civil destacou que o acesso de barcos por dentro da rua [Nossa Senhora Aparecida] não pode ser feito em todos os trechos pois, em locais mais altos, o barco tranca. Segundo o órgão, na quinta-feira, foram entregues 130 cestas básicas, transportadas através do Guaíba, com a ajuda do Corpo de Bombeiros Militar. Resgates e entregas estão sendo realizados em dois botes que percorrem toda a região das Ilhas.

Ainda conforme a Defesa Civil, equipes têm feito visitas a moradores que necessitam de acompanhamento médico, realizando também o transporte destes para hospitais. O órgão confirma que as escolas da região estão sem aulas, mas alega que a demanda para transportes escolares, assim como o retorno das o fato delas aulas, seriam responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre (Smed) ou do Estado, no caso das escolas estaduais.

Na Ilha da Pintada, Carlos José Alves dos Santos, 78 anos, conta que a água invadiu o estabelecimento do qual é proprietário, na rua Nossa Senhora da Boa Viagem. Ele relata que a filha dele e mais cinco netas estão abrigadas no salão paroquial por conta dos alagamentos, que persistem há um mês na localidade. “Não dá mais para entrar dentro do meu bar. Está tudo boiando lá”, contou ele, que também é dono de um barco, que utiliza para se locomover pela rua.