Mercado projeta redução de 0,5 ponto percentual na taxa de juros

Copom se reúne na terça e quarta-feira para definir novo indicador

Edifício-Sede do Banco Central em Brasília. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A semana marca dois momentos importantes: as decisões sobre as taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos, ambas na quarta-feira, 20, em horários diferentes. Enquanto por aqui as apostas do mercado financeiro remetem para um novo corte de 0,5 ponto percentual da taxa Selic atual, para 12,75% aqui no Brasil na reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), o Federal Reserve (Fede) dos Estados Unidos deve manter os juros na faixa de 5,25% e 5,5%.

Enquanto aqui o BC evita acelerar o ritmo dos cortes, a alta de preços perde força e poderá permitir um aumente no ritmo de redução da Selic mais perto do fim do ano. Já nos EUA, o cenário é outro. O mercado discute se o Fed vai subir novamente os juros antes do fim do ano, ou dar por encerrado o atual ciclo de aperto monetário. Já uma pesquisa da Reuters revela que Banco Central deve cortar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, segundo uma sondagem realizada de 11 a 14 de setembro com 48 economistas

Se o corte for confirmado, será o segundo consecutivo de 0,50 ponto percentual da taxa básica, depois do recuo no início do mês passado pela primeira vez em três anos, numa decisão atipicamente dividida. A justificativa na época foi pela melhora do quadro inflacionário e “reancoragem parcial” nas expectativas de alta dos preços. No comunicado depois, na ata da última reunião, o próprio BC sinalizou novos cortes de meio ponto na taxa de juros adiante.

De 42 entrevistados que responderam a uma pergunta adicional, 37 esperam que a Selic encerre este ano em 11,75%, o que sugere quedas de 0,50 ponto percentual em cada uma das três últimas reuniões de 2023. Os respondentes restantes viram a taxa encerrando dezembro a 11,50%. Para 2024, a expectativa mediana da sondagem é de que os juros encerrarão o ano a 9,00%.

PREVISÃO DO MERCADO

O banco norte-americano Goldman Sachs partilha desta mesma expectativa. “Esperamos que o Copom mantenha uma barra relativamente alta para acelerar o ritmo de cortes no curtíssimo prazo”, afirma o diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos. Para o banco americano, as projeções de inflação do Copom no cenário de referência devem avançar para o fim de 2024 (3,4% para 3,5%) e para o fim de 2025 (3% para 3,1%), considerando a depreciação do real, o aumento dos preços de petróleo e a redução da trajetória de taxa Selic embutida no relatório Focus.

“Essas projeções e o balanço de riscos geral para a inflação serão a chave para calibrar a trajetória da Selic, em particular a taxa terminal e o espaço para aceleração do ciclo de afrouxamento até o fim de 2023”, afirma o economista. “Na ata, vamos procurar a discussão sobre o hiato do produto, dada a recente dinâmica sólida de crescimento.”

Para o banco britânico Barclays, o Copom deve seguir o plano de voo divulgado na sua última reunião e reduzir a taxa Selic de 13,25% para 12,75%. “Esperamos que o BC corte a Selic em passos de 0,5 ponto porcentual no futuro próximo, mas não podemos descartar a possibilidade de cortes maiores mais adiante no ciclo, à medida que o horizonte relevante da política monetária gradualmente muda para 2025”, afirma o economista para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, em relatório.

Ele destaca que, desde a última decisão de política monetária, em agosto, as expectativas de IPCA de longo prazo continuaram em 3,5% – 0,5 ponto porcentual acima do centro da meta, de 3% -, o PIB do segundo trimestre cresceu mais do que o esperado e a inflação de serviços não desacelerou substancialmente. O Barclays espera redução da taxa Selic a 11,75% no fim de 2023 e a 9,5% no término do ciclo de cortes, que deve ocorrer em meados de 2024.