Mourão diz que postura soberba do TSE gera desconfiança em parte da população sobre resultado das eleições

Senador eleito defendeu as recentes manifestações que seguem acontecendo em frente aos quartéis do Exército e disse que o governo eleito não poderá ignorar os atos

Foto: Ricardo Giusti/Correio do Povo

O vice-presidente da República e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, General Hamilton Mourão (Republicanos) disse em entrevista à Rádio Guaíba, na manhã desta segunda-feira, que enquanto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) continuar adotando uma postura de soberba haverá parte significativa da população brasileira desconfiando do resultado das eleições. A declaração é uma crítica aos poucos detalhes e nota divulgada, recentemente, pelo órgão onde diz ter sido satisfatório o relatório final do Ministério da Defesa, que, assim como outras entidades fiscalizadoras, não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022.

“Enquanto o tribunal não se pronunciar de uma forma clara e transparente adotando uma postura soberba continuará tendo uma parcela significativa da população brasileira com desconfiança. Essa é a realidade”, pontua o general.

Mourão defendeu as recentes manifestações que seguem acontecendo em frente aos quartéis do Exército e disse que o governo eleito não poderá ignorar os atos. Em Porto Alegre, os gazebos, barracas e “barracas iglus” continuam montados no Centro Histórico, formando acampamento que começou a tomar corpo no dia 1º de novembro. Os manifestantes não aceitam o resultado, acusam o processo eleitoral de “fraudulento” e pedem “intervenção das forças armadas”. O movimento se repete em vários estados brasileiros e não tem uma data definida de término.

O futuro senador disse estar ciente das articulações que vem acontecendo no parlamento visando à presidência da casa. Entretanto, afirmou ser necessário a construção de uma base sólida para barrar pautas que não sejam de interesse do país e principalmente fiscalizar o trabalho do Supremo Tribunal Federal.

“É importante que a gente constitua uma base sólida dentro do Senado para que nós tenhamos condições de barrar qualquer pauta que seja contrária aos interesses do país. Principalmente essas pautas mais à esquerda e ao menos tempo exercer uma ação fiscalizadora do trabalho da Suprema Corte”, afirma.

Ainda durante a entrevista, Mourão propôs reformas na corte com mudanças no número de magistrados e propôs reformas no STF com mudanças na duração de mandatos. É necessário, segundo Mourão, uma reformulação nas nomeações e no que tange ao tempo de atuação dos magistrados. Uma das possíveis medidas citadas pelo integrante do governo federal é um mandato para os ministros. “A pessoa ser nomeada e ficar 25, 30 anos na Suprema Corte é muito tempo, uma vida praticamente”, pontuou.

Questionado sobre o que esperar do próximo governo, Mourão disse que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá muitas dificuldades para governar e que o governo eleito “vai meter os pés pelas mãos”, em relação a mudanças econômicas que estão sendo projetadas. O vice criticou a intenção do governo eleito de furar o teto de gastos em R$ 175 bilhões com a PEC da Transição. Mourão chamou a manobra de “PEC Super Kamikaze” e disse que é justificável ultrapassar o limite de despesas federais apenas para a manutenção do Auxílio Brasil e um aumento real do salário mínimo.