UFPel confirma ‘aula de rua’, em protesto contra bloqueio de verbas, em dia de ato pró-Bolsonaro

Em áudio, ex-reitor Pedro Hallal chegou a sugerir o cancelamento das aulas, na terça que vem

Foto: Divulgação/UFPel

A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) confirmou, nesta sexta-feira, que vai substituir as aulas no Campus, no próximo dia 11, por atividades que vão integrar a programação de um ato contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com a Reitoria, integrantes do corpo docente da instituição vão se reunir durante a tarde, no centro do município da região Sul, em uma ação intitulada como ‘aula de rua’, simultaneamente a um comício do postulante à reeleição ao Planalto, no Centro de Eventos da Fenadoce, localizado na zona Oeste da cidade.

“A universidade está mobilizando uma atividade chamada de ‘aula na rua’, para expor a situação das universidades federais, não só em Pelotas, mas em todo o Brasil. A previsão é que façamos uma fala inicial sobre a nossa situação orçamentária, pois estamos com uma inviabilização de funcionamento”, declarou a reitora da UFPel, Isabela Fernandes Andrade, à Rádio Guaíba. “É uma atividade institucional. Iremos convidar toda a comunidade da região, inclusive os reitores de outras universidades federais no entorno de Pelotas”, destacou, complementando que agenda decorre de uma decisão da gestão da UFPel.

Questionada pela reportagem sobre qual a orientação para alunos e professores que desejarem não participar do ato, a reitora disse que prefere acreditar que ‘todas as pessoas tenham interesse na defesa e na manutenção da universidade’. O conteúdo da programação, e o tempo de duração da atividade, ainda não foram definidos, segundo ela.

Autor de um áudio ao qual Rádio Guaíba teve acesso, em que sugere a paralisação de aulas em virtude do protesto, o ex-reitor da UFPel, Pedro Hallal, disse que o ato é uma resposta ao corte do orçamento destinado às universidades federais, que, segundo ele, tiverem o dinheiro ‘saqueado, com fins eleitoreiros, para financiar o orçamento secreto’. Mesmo reconhecendo ter feito a gravação, ele afirmou que não integra a organização do ato.

“Não estou organizando o ato, apenas fiz uma chamada. Estou servindo como um divulgador do evento, até porque não estarei na cidade nesta data”, disse o epidemiologista, que viaja para os Estados Unidos neste final de semana. “Ao longo da história, houve manifestações de estudantes que foram tranquilas, do ponto de vista legal. A população tem o direito de se manifestar. Claro que, quando estamos em um governo de exceção, como o atual, sempre é possível que ocorram retaliações. Aliás, é estranho que não ocorram retaliações quando o presidente faz motociatas em horário de expediente”, enfatizou.

Segundo o professor, a divulgação do áudio em que ele conclama adesão ao protesto, em grupos de WhastApp, teve o efeito de publicizar e expandir o alcance do ato. Na gravação, Hallal recomenda que a UFPel lidere o ato contra Bolsonaro e levanta a possibilidade do cancelamento das aulas, na próxima terça-feira, para que o protesto alcance dimensões iguais, ou maiores, ao evento com a presença do presidente no município.

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