Bolsonaro: ‘marginais em gabinetes’ querem roubar liberdade

Chefe do Executivo federal pediu união entre o Exército, corpos de bombeiros e polícias militares

Foto: José Dias/PR

Em discurso realizado nesta sexta-feira, em São Paulo, durante uma formatura na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que “marginais do passado”, também “em gabinetes com ar-condicionado”, querem “roubar nossa liberdade”. Embora não tenha citado nomes no discurso, o presidente vem criticando, com frequência, o Supremo Tribunal Federal (STF) por decisões visando evitar a propagação de fake news e ataques às instituições democráticas do país.

O chefe do Executivo citou a necessidade de uma eventual união entre o Exército e as “forças auxiliares” — que, de acordo com a Constituição, são as polícias militares e os corpos de bombeiros militares. “No passado, sempre as Forças Armadas e as forças auxiliares estiveram juntas. Lá atrás, nos anos 70, não foi diferente. Os grandes inimigos nossos eram aqueles que queriam roubar não o nosso patrimônio, mas roubar a nossa liberdade”, disse.

Após citar ameaças do passado, Bolsonaro afirmou que o risco ainda existe, sem ter deixado claro sobre quais fatos se referia. “Hoje, não é diferente. Nós, pessoas de bem, civis e militares, precisamos de todos para garantir a nossa liberdade. Porque os marginais do passado hoje usam de outras armas, também em gabinetes, com ar-condicionado, visando roubar a nossa liberdade. E começam roubando a nossa liberdade de expressão, começam fustigando as pessoas de bem, fazendo com que elas desistam do seu propósito”, afirmou.

“Nós, Forças Armadas, nós, forças auxiliares, não deixaremos que isso aconteça. Nós defendemos a nossa Constituição, a nossa democracia e a nossa liberdade. Esse exército de pessoas de bem, civis e militares, deve se unir para evitar que roubem a nossa liberdade”, completou.

As declarações ocorrem em meio a uma escalada de crises entre o STF e o Executivo federal. O ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou, também nesta sexta-feira, que é necessário proteger a democracia.

Nessa quinta-feira, Bolsonaro criticou a declaração dada por Fachin, de que, no Brasil, “quem trata de eleições são forças desarmadas”. O presidente da República afirmou que o ministro havia sido “descortês” e que não há motivo para que ele tenha receio da participação de militares no processo eleitoral.