Após reunião, Inter demite Alexander Medina

Técnico uruguaio não resistiu ao empate com o Guaireña na Copa Sul-Americana

Foto: Internacional / Divulgação

Mais de três meses de trabalho, uma eliminação vexatória na Copa do Brasil, uma goleada para o Grêmio em pleno estádio Beira-Rio e sem vencer na Copa Sul-Americana. Uma lista de insucessos determinou o fim da trajetória de Alexander Medina no Inter. O técnico uruguaio, anunciado em dezembro de 2021 vindo do Talleres, da Argentina, foi demitido nesta sexta-feira, após o empate com o fraco Guaireña, do Paraguai, em pleno Beira-Rio.

A saída de Medina já era especulada desde as primeiras horas desta sexta e ficou ainda mais evidente com a realização de uma reunião no estádio Beira-Rio. Além de Medina, deixam o clube os auxiliares Fernando Machado e Jadson Vieira; os preparadores físicos Alexis Olariaga e Richard González; e o analista de desempenho Mariano Levisman. O time será comandado pelo auxiliar técnico Cauan de Almeida. Ele irá assumir a posição de treinador interino já a partir do treino deste sábado.

Medina chegou a Porto Alegre com um discurso de transformar o Inter em um time protagonista e competitivo, mas não conseguiu esboçar isso em três meses de trabalho. Pelo contrário, o que se viu foi uma equipe sem cara e que viveu seu melhor momento apenas em um jogo: o clássico Gre-Nal da fase classificatória. O Colorado atuou sob o comando de Cacique em 17 partidas: seis vitórias, cinco empates e seis derrotas, ou 45% de aproveitamento.

Mais baixos do que altos

A trajetória de Medina no Inter começou de maneira promissora, com a vitória fora de casa diante do Juventude na estreia do Gauchão. O time seguiu em ascensão e na segunda rodada do campeonato estadual e venceu a União Frederiquense por 2 a 0.

Depois disso, a equipe começou a cambalear. Primeiro foi empate em 0 a 0 com o São Luiz e se agravou com a derrota por 3 a 1 para o Ypiranga de Erechim. O empate em 1 a 1 com o Novo Hamburgo e a vitória sobre o Caxias, no Centenário, até sugeriram uma recuperação, que foi logo apagada com uma nova igualdade contra o Brasil de Pelotas.

A situação de Medina ficou ainda mais complicada com a derrota para o São José, por 3 a 2. Depois do Gre-Nal da fase classificatória ser adiado, o treinador viu o seu time ser derrotado por 2 a 0 pelo Globo na Copa do Brasil. No Rio Grande do Norte, num jogo em que poderia apenas empatar, o time gaúcho criou muito pouco diante de um adversário que está na Série D do Brasileirão. Sem futebol no primeiro tempo, levou o 0 a 0 para o vestiário, mas depois, na volta do intervalo, levou dois gols e acabou eliminado da Copa do Brasil.

Apesar disso, o uruguaio permaneceu no cargo e ganhou tempo e confiança da direção. Na sequência, o Inter venceu o Aimoré, na véspera do clássico Gre-Nal da fase classificatória, que agora aconteceria em nova data. No jogo com o Grêmio, o time de Medina teve sua melhor atuação e venceu por 1 a 0 no Beira-Rio, quando poderia ter goleado. Ali, o torcedor colorado se encheu de esperança de que o trabalho engrenaria para o restante da temporada. Entretanto, isso não aconteceu. Depois disso, houve um empate com o Guarany de Bagé com os reservas e as semifinais do Gauchão, novamente com o Grêmio.

No Gre-Nal valendo vaga na final, o Inter foi atropelado pelo Grêmio por 3 a 0. Em um jogo tático, o Tricolor levou a melhor e perdeu chance de fazer até mais gols contra um apático Colorado. A semana que marcou a partida de volta, na Arena, foi talvez o momento mais tenso para Cacique. Seu cargo estava na mesa. Em caso de nova derrota, a demissão. Se a vitória viesse – e ainda de maneira convincente – Medina ficaria.

O resultado positivo veio com um bonito gol de Taison. O 1 a 0, mesmo assim, eliminou o Inter do Gauchão para o maior rival que está na série B. Na coletiva após a partida, ao destacar que o treinador permaneceria no cargo, o presidente Alessandro Barcellos fez questão de frisar que em “nenhum momento” a permanência de Cacique foi condicionada ao resultado no Gre-Nal.

Esperança na Sul-Americana e Brasileirão

O Inter retornou aos trabalhos com praticamente duas semanas até a estreia na Copa Sul-Americana. Com o tempo ao seu favor, esperava-se que Medina e o elenco, enfim, apresentassem uma ideia de jogo coesa com a visão do treinador. Os 14 dias passaram e o resultado foi o mesmo: fracasso.

Em Manta, no Equador, o Colorado ficou apenas no empate diante do 9 de Octubre, no praticamente vazio estádio Jocay. O Inter até começou bem a partida, abrindo o placar em 2 a 0 ainda no primeiro tempo. No segundo, os mesmos erros do começo do ano se repetiram e os donos da casa igualaram o marcador.

Depois da derrota por 2 a 0 na estreia do Brasileirão, contra o Atlético-MG, os desempenhos frustrantes seguiram no torneio continental. Dentro de casa, com os colorados de testemunha, o Inter empatou com Guaireña depois de sair atrás do placar.