Bolsonaro volta a atacar ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso

Presidente criticou decisão do TSE que cassou deputado por conta de fake news

Foto: Alan Santos / PR

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), voltou a criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) e ministros da Corte, nesta quarta-feira. O mandatário criticou nominalmente os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Quem esses dois pensam que são?”, questionou Bolsonaro.

A fala do mandatário ao site Gazeta do Brasil se deu em um contexto em que ele citou a desinformação. Bolsonaro criticou a decisão do TSE que cassou o mandato do deputado estadual do Paraná Fernando Francischini em função de uma transmissão ao vivo feita pelo parlamentar em 2018, com desinformação sobre a urna eletrônica. Na ocasião, o deputado afirmou que havia duas urnas fraudadas, sem aceitar votos ao então candidato Jair Bolsonaro.

“Ele falou a verdade e o TSE cassou pro isso. Quem esses dois pensam que são? Que vão tomar medida drásticas dessa forma, ameaçando, cassando liberdades democráticas nossas. Eles têm um candidato, sabemos que são defensores do Lula, querem o Lula presidente. Na mão grande isso não pode prosperar no Brasil”, afirmou Bolsonaro.

Questionado durante a entrevista sobre um artigo publicado pelo ministro Barroso nesta semana, no qual ele afirmou que redes sociais fizeram surgir “terroristas verbais”, Bolsonaro alfinetou o magistrado, lembrando que antes de ocupar uma cadeira no STF ele advogou para o italiano Cesare Battisti, condenado pelo assassinato de quatro pessoas na Itália.

“Barroso entende de terrorismo, ele defendeu Battisti. Um bandido assassino terrorista, e dado isso daí ele conseguiu junto ao PT ser alçado ao STF. Minha crítica não é ao STF, eu critico pontualmente as pessoas. É direito dele defender um terrorista. Agora, acusar de terrorismo… Qual crime eu cometi, Barroso? Quais fake news eu pratiquei?”, questionou. O presidente já teve conteúdo removido das redes sociais durante a pandemia por divulgar desinformação sobre a Covid-19.

Bolsonaro lembrou que no fim do ano passado, o TSE julgou a ação que pedia cassação da chapa Bolsonaro-Mourão, de 2018. Na ocasião, os ministros entenderam como improcedentes as ações contra o presidente e o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB). No julgamento, o ministro Alexandre de Moraes ressaltou que, caso neste ano se repita o cenário de 2018, com mensagens de ódio e informações falsas, os responsáveis serão presos e terão o registro cassado.

“Eu fui julgado no TSE e foi a vez do Moraes falar claramente ‘houve, sim, fake news; houve disparo em massa, sabemos. No ano que vem, vamos cassar o registro e prender o candidato’. Olha, isso é jogar fora das quatro linhas (da Constituição). Eu sempre joguei dentro das quatro linhas. Não se pode falar em terrorismo digital”, afirmou Bolsonaro.

O mandatário afirmou que teve o trabalho constantemente prejudicado pela Corte ao longo dos três anos de gestão. “A cada dez decisões do STF, nove são contrárias à gente. Assim tem agido o Supremo”, disse, reclamando da decisão do STF que impediu que o governo de zerar o imposto de importação de arma. O julgamento está suspenso desde fevereiro do ano passado após um pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes.