Nota do Ministério da Saúde pega secretários de surpresa

Presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, Wilames Freire, consuderou orientação "unilateral”.

Foto: Cristine Rochol/PMPA

A Nota Técnica da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 (Secovid) do Ministério da Saúde que recomenda a vacinação somente de adolescentes com comorbidades pegou gestores municipais de surpresa. Para o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Wilames Freire, reclamou do que chamou de decisão unilateral, em entrevista ao R7, nesta quinta-feira. “Nós não participamos da construção da nota, fomos pegos de surpresa e estamos nos cercando também de orientações técnicas para poder nos posicionarmos”, afirmou.

O documento, assinado pela secretária Rosana Leite de Melo, esclarece que o órgão “revisou a recomendação para imunização contra Covid-19 em adolescentes de 12 a 17 anos, restringindo o seu emprego somente aos adolescentes de 12 a 17 anos que apresentem deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade, apesar da autorização pela Anvisa do uso da Vacina Cominarty (Pfizer/Biontech)”.

O Conasems consultou, nessa manhã, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre o tema e participa nesta tarde de uma reunião com a Câmara Técnica Assessora do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

“Temos milhares de municípios que estão vacinando e que já vacinaram (adolescentes). De fato, já temos essa campanha praticamente consolidada no Brasil. Nos estranha (a nota), mas vamos estar atentos e seguir aquilo que o comitê científico nos orientar.”

As prefeituras de Salvador e Natal, por exemplo, suspenderam a vacinação de adolescentes nesta quinta-feira por precaução. Em Natal, a Secretaria Municipal de Saúde disse que tomou conhecimento da Nota Técnica e não iniciou a campanha para esse público, prevista para hoje, até checar se a informação era procedente.

Em ofício enviado ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) defende a vacinação dos adolescentes sem comorbidades somente após o reforço em todos os idosos acima de 60 anos e a aplicação da terceira dose em pessoas com comprometimento da resposta imune. “Havendo quantitativo de doses suficientes para atender a estas prioridades deve imediatamente ser iniciada a vacinação dos demais adolescentes”, sustenta o conselho em nota.

Porto Alegre segue vacinação
Em Porto Alegre, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que vai manter a vacinação de adolescentes sem comorbidades contra a Covid-19. A pasta alegou não ter sido notificada oficialmente, até o início da tarde desta quinta, sobre a mudança na orientação de aplicação das doses no público.

A Capital aplica a primeira dose da Pfizer, única vacina autorizada para menores de idade, em jovens de 15 anos ou mais.