O prefeito Sebastião Melo recebeu, na manhã desta quinta-feira, a direção do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, além de vereadores, para debater os projetos em tramitação na Câmara propondo regras novas para o serviço de transporte público. O grupo promovia uma manifestação em frente à prefeitura. No encontro, Melo reiterou que está disposto ao diálogo, mas reforçou que o atual sistema de transporte da cidade faliu.
“Mesmo sem dinheiro em caixa, a prefeitura aportou recursos para não parar as linhas de ônibus, mas não há mais condições de manter esse modelo. Não irei mais colocar dinheiro na Carris enquanto a população passa fome”, disse. Segundo Melo, a crise do atual sistema de transporte gera impacto sobre a operação da companhia de ônibus. Antes da pandemia, a Carris já possuía custos superiores aos suportados pela tarifa. Em 2019, os cofres da prefeitura aportaram R$ 16,6 milhões. No ano passado, o repasse chegou a R$ 66 milhões.
Já o presidente do Stetpoa, Sandro Abbáde, mantém o entendimento de que há muitas “pontas soltas” no projeto de desestatização da Carris, já que não explica o que vai acontecer com os 2 mil funcionários da empresa. “Muito pouco foi esclarecido sobre o que vai ser feito com esses trabalhadores em um momento em que o desemprego é muito grande”, disse, ainda no início da mobilização desta quinta-feira.
A respeito das alegações da prefeitura sobre a situação da Carris, Abbáde rebate dizendo que a situação resulta de má gestão. “Inclusive de gestões que o MDB sempre participou”, salientou, citando o partido do prefeito Sebastião Melo.
Também participaram do encontro o secretário Municipal de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Zachia, o diretor-presidente da Carris, Maurício Gomes da Cunha, além dos vereadores Matheus Gomes e Roberto Robaina, ambos do PSol. Na noite desta quinta-feira, a Câmara de Vereadores promove audiência pública para debater a privatização da Carris. O encontro virtual está marcado para as 19h.
Em junho, a prefeitura autorizou a desestatização, por meio de privatização ou extinção, da Companhia Carris Porto-Alegrense (Carris), através do PLE 013/2021. Em julho, outro projeto de lei chegou à Câmara prevendo a extinção gradativa da função de cobrador de ônibus, iniciando pela permissão de viagens sem cobrador, diariamente, entre 22h e 4h. O projeto define a oferta de cursos de qualificação para todos os cobradores e avaliação, pelas empresas, do aproveitamento dos trabalhadores em outras funções, inclusive como motorista e mecânico.
Operação tartaruga
Na manhã desta quinta-feira, a “operação tartaruga”, que havia sido anunciada pelos rodoviários, causou transtornos ao trânsito no Centro de Porto Alegre. Os manifestantes saíram da sede do sindicato, no bairro Cidade Baixa, por volta das 7h20min, e ocuparam, imediatamente, os corredores de ônibus de três das principais vias de acesso ao Centro Histórico: as avenidas Oswaldo Aranha, João Pessoa e Farrapos.
Longas filas de ônibus se formaram, prejudicando, também, o fluxo de veículos na pista dedicada aos automóveis. Muitos passageiros optaram por descer antes da parada desejada, em uma tentativa de chegar mais rápido ao trabalho.
Segundo o sindicato, ao menos 200 rodoviários participaram do ato, que culminou com a manifestação em frente ao Paço Municipal.
