PUCRS abre inscrições para que agentes de saúde testem vacina chinesa contra a Covid

Dose pode chegar aos laboratórios no início de 2021

Hospital São Lucas | Foto: Bruno Todeschini / PUCRS

Foram abertas, nessa segunda-feira, as inscrições para profissionais de saúde interessados em participar, em Porto Alegre, do estudo que vai testar a vacina chinesa contra o novo coronavírus. A CoronaVac vai ser desenvolvida a partir de uma parceria entre o governo de São Paulo e um laboratório chinês. Voluntários que se enquadrarem nos pré-requisitos (veja abaixo) podem preencher o cadastro de interesse, no site do Hospital São Lucas, da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS).

Na semana que vem, a equipe de profissionais do corpo técnico, administrativo e operacional designada para conduzir o estudo no Centro de Pesquisa do São Lucas vai fazer a triagem e seleção dos candidatos para o início dos testes, previsto para a primeira semana de agosto. Todas as pessoas confirmadas para participar do procedimento receberão contato do Hospital para agendamento, checagem dos critérios e orientações.

VEJA OS CRITÉRIOS DE INCLUSÃO:

  • Ser profissional da saúde e atuar em unidades especializadas em tratamento da Covid-19.
  • Ter mais de 18 anos idade.

VEJA OS CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO:

  • Ter apresentado o diagnóstico prévio de Covid-19 ou sintomas compatíveis com a doença nos dias anteriores à vacinação.
  • Ser gestante ou ter o desejo de engravidar durante os próximos três meses consecutivos.
  • Estar em período de amamentação.
  • Ter doenças crônicas sem devido controle, assim como doenças e/ou uso de medicações que comprometam o sistema imunológico.
  • Ter participado de outro estudo clínico com administração de produto sob investigação durante os últimos seis meses.
  • Ter recebido hemoderivados por transfusão nos últimos três meses.

Entenda

Em 10 de julho, o Hospital São Lucas formalizou o contrato para testagem da CoronaVac, oficializando a unidade hospitalar como um dos 12 centros, de seis estados do país, que farão os testes clínicos da vacina. Ao todo, serão cerca de nove mil voluntários em todo o Brasil.

O centro da PUCRS é especializado na condução de ensaios clínicos utilizados para validar a eficácia e segurança de novos fármacos, medicamentos, vacinas e testes antes que cheguem ao mercado. Atualmente, o complexo soma mais de 200 estudos em andamento. O hospital ainda aguarda os desdobramentos e orientações do Instituto Butantan para realização das testagens da vacina.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já autorizou o processo, que vai começar em 20 de julho em alguns locais do país. Em dois meses, a PUCRS pretende vacinar todas as pessoas participantes do estudo. Conforme protocolo, metade dos voluntários vai receber a vacina e a outra um placebo, uma mistura sem efeito.

O Instituto Butantan, de São Paulo, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, começou a adaptar uma fábrica para a produção da vacina.

Vacina pode chegar aos laboratórios no início de 2021

Nessa segunda-feira, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que a vacina Coronavac pode chegar aos brasileiros no início de 2021. “Poderemos ter essa vacina disponível no início do próximo ano”, disse o médico infectologista.

Segundo ele, inicialmente a previsão é de 120 milhões de doses, que poderão ser utilizadas para vacinar 60 milhões de pessoas. “Estamos aprendendo importantes lições com essa pandemia. Já tivemos, no passado, outras epidemias com coronavírus. A China já tinha experiência com o desenvolvimento anterior de uma vacina para a Sars, mas não chegou a ser concluído. Por isso, temos que completar esse processo. Esta vacina pode ser útil para essa epidemia e outras que possam surgir”, exlicou Covas.

“Qualquer vacina que seja provada eficaz é válida, melhor se tivéssemos duas ou três disponíveis. É natural imaginar dois grupos principais como eventuais prioritários para receber a vacina, são eles: pessoas com doenças mais graves e grupos responsáveis pela manutenção do vírus em comunidades”, explicou Esper Kallas, médico e professor da USP.

Dimas e Kallas explicaram ainda as diferenças entre as tecnologias utilizadas para o desenvolvimento das vacinas Coronavac e a de Oxford (Inglaterra). “A Coronavac utiliza uma tecnologia tradicional já utilizada contra a raiva e contra a dengue. A tecnologia utilizada no desenvolvimento da vacina de Oxford é nova e pode ser uma evolução na tecnologia de produção de vacina. Mas o processo produtivo deve ser validado por estudos”, completou Covas.