Rosa Weber vota contra prisão em segunda instância

Placar passa a ser de 3 a 2 a favor do cumprimento provisório da pena

Foto: Carlos Moura / SCO / STF

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber votou hoje contra a validade da execução provisória de condenações criminais, conhecida como prisão em segunda instância. Com o voto da ministra, o placar do julgamento fica em 3 votos a 2 a favor da medida. O próximo a votar é Luiz Fux.

No entendimento da ministra, a execução antecipada da pena, antes do julgamento dos recursos nos tribunais superiores, não é compatível com a Constituição. Segundo Rosa Weber, o texto constitucional fixou que a presunção de inocência garante que a prisão para cumprimento da pena somente pode ocorrer com o fim dos recursos, em instâncias superiores.

“Poderia o constituinte de 1988 ter se limitado a reproduzir a fórmula de que ninguém seria preso sem culpa formada. Mas, optou por consagrar expressamente a presunção de inocência, ao definir com todas as letras, queiramos ou não, como termo final da garantia da presunção de inocência, o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”, disse.

A ministra também negou que tenha mudado de posição sobre a questão. Segundo Rosa Weber, o voto a favor da segunda instância no julgamento de um habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no ano passado, apenas cumpriu a jurisprudência da Corte, firmada em 2016, que autoriza a prisão.

De acordo com a ministra, ela sempre se manteve contra a medida e manifestou a posição no julgamento de hoje, no qual somente a tese da questão é analisada, e não um processo específico.

“Não se diga, portanto, que alterei meu entendimento quanto ao tema de fundo, que hoje volta à análise. Minha leitura constitucional sempre foi e continua sendo a mesma”, afirmou.

Até o momento, após quatro sessões de julgamento, os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso votaram a favor da prisão em segunda instância. O relator, ministro Marco Aurélio, votou contra.

Entenda

A Corte começou a julgar definitivamente três ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs), relatadas pelo ministro Marco Aurélio e protocoladas pela Ordem dos Advogados (OAB), pelo PCdoB e pelo antigo PEN, atual Patriota.

O entendimento atual do Supremo permite a prisão após condenação em segunda instância, mesmo que ainda seja possível recorrer a instâncias superiores.

De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o julgamento vai ter impacto na situação de 4,8 mil presos com base na decisão do STF que autorizou a prisão em segunda instância. Os principais condenados na Operação Lava Jato podem ser beneficiados, entre eles, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde 7 de abril do ano passado, na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, após ter a condenação por corrupção e lavagem de dinheiro confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), no caso do tríplex do Guarujá (SP). Além dele, a decisão, se alterar a jurisprudência, pode beneficiar o ex-ministro José Dirceu e ex-executivos de empreiteiras acusadas de corrupção.

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