Vereadores de Pelotas rejeitam pedido para que Eduardo Leite deponha em CPI

Por 7 votos a 3, o ex-prefeito não irá depor na CPI que investiga possíveis fraudes nos exames de pré-câncer em Pelotas

Fraudes na realização dos exames teriam sido realizadas por uma clínica contratada pela Prefeitura. Foto: Alina Souza/CP

Por 7 votos a 3, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores de Pelotas que investiga irregularidades em laudos de exames de pré-câncer de colo do útero no município rejeitou o requerimento para convidar para depor o ex-prefeito de Pelotas e candidato ao governo do RS, Eduardo Leite, a ex-secretária de Saúde, Arita Bergamnn, e a atual prefeita Paula Mascarenhas.

Após a derrota na primeira votação, a vereadora do PSOL Fernanda Miranda apresentou um novo requerimento para que apenas Eduardo Leite fosse convidado para depor na CPI. O pedido também foi rejeitado.

O clima no plenário era de tensão. Muitas pessoas acompanharam a sessão com cartazes de protesto. Ao final da reunião, os presentes pediram a destituição do relator da CPI, vereador Enéias Clarindo, do mesmo partido de Leite e Mascarenhas. Contudo, com a derrota nas votações, o vereador Marcos Ferreira (PT) deixou a presidência da Comissão.

PDT, PSOL e PSB votaram a favor do requerimento para convidar o ex-prefeito para depor na CPI. Já PSDB, DEM, PSD, PP, PTB, MDB e PRB votaram contra. O PT não votou, pois ocupava a presidência da CPI, mas o partido era favorável ao requerimento.

Entenda o caso

Médicos e enfermeiros da UBS Bom Jesus, de Pelotas, que faziam a coleta de exame citopatológico do colo uterino notaram não ter sido identificado nenhum resultado alterado no período de janeiro de 2014 a junho de 2017. Uma tabela de exames da mesma unidade de saúde mostrou que antes desse período 44 resultados divulgados pelo laboratório apontaram câncer.

As amostras coletadas das pacientes vinham sendo analisadas por amostragem – a cada 100, somente uma era, de fato, analisada. Mesmo pacientes com lesões aparentes recebiam resultados de exames “normais”.

A CPI já solicitou à Prefeitura o levantamento de todas as pacientes que morreram entre 2014 e 2018, vítimas de câncer de colo do útero, na cidade. Além da CPI, o Ministério Público também passou a averiguar se houve fraude na realização dos exames, realizados por uma clínica contratada pela Prefeitura em 2000.