O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, foi lançado pelo partido Novo como pré-candidato à presidência da República. O encontro nacional da legenda ocorreu em São Paulo e contou com a presença de políticos gaúchos.
O mineiro realizou seu primeiro discurso como, efetivamente, pré-candidato – apesar de ser tratado como presidenciável durante todo seu segundo mandato à frente do Executivo do segundo maior colégio eleitoral do país. De perfil considerado técnico, Zema inflexionou sua fala com críticas ao PT, a Lula e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas também destacou aspectos positivos de sua gestão como governador e falou sobre sua vida pregressa à política, na iniciativa privada.
“O Brasil que nós queremos é o Brasil que trabalha, inventa e arrisca. É com esse Brasil bravo que nós vamos chegar a Brasília. Vamos chegar a Brasília para varrer o PT do mapa, para acabar com os abusos e perseguições do Alexandre de Moraes, para libertar o Brasil”, discursou Zema.
O governador afirmou que quer ver o país fora do Brics, bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. “O Brasil caminha hoje na direção de outra crise econômica porque está crescendo à base da anabolizante. A visão petista de que gasto é vida é uma idiotice sem tamanho, assim como a aproximação do Brasil de regimes autoritários e de nações que se opõem aos nossos valores ocidentais. Sai do Brics, Brasil!”, bradou do palanque.
Zema ainda destacou conquistas mineiras recentes e prometeu um governo de liberdade econômica, caso eleito. “O governo não impõe, ele só apoia. É isso que nós queremos. Já atraímos mais de R$ 500 bilhões em investimento privados e criamos mais de 1 milhão de empregos. Hoje, Minas Gerais responde por um terço do saldo da balança comercial do Brasil. A maior parte disso não vem mais da mineração, e sim de uma fonte de renda renovável que é o agronegócio. O caminho para a prosperidade nós já conhecemos: é apoiar a livre iniciativa e ter um Estado que não atrapalha. Se foi possível fazer em Minas, é possível fazer no Brasil.”
Os gaúchos tiveram papel de destaque no evento. Os deputados federal Marcel van Hattem e estadual Felipe Camozzato discursaram imediatamente antes de o governador subir no palanque.
“A expectativa é, primeiro, o Zema enfrentar desconhecimento da população. Mas vem do segundo maior colégio eleitoral e de um caso de sucesso muito forte em Minas Gerais, que estava em uma situação (fiscal) até pior do que a do Rio Grande do Sul. Com essa pré-candidatura, ele pode se apresentar ao país”, afirmou Camozzato à reportagem.
O Novo sai na frente em um cenário bastante pulverizado e com muitas incertezas no campo político da direita. Enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível até 2030, não indica um herdeiro eleitoral, muitas pré-candidaturas estão postas no tabuleiro.
O governador gaúcho Eduardo Leite (PSD) tem reafirmado constantemente sua disposição de concorrer, mas conta com um presidenciável em seu próprio partido: o governador do Paraná, Ratinho Júnior. Tarcísio de Freitas (Republicanos), que governa São Paulo, talvez seja o cotado com maior visibilidade, mas ainda não abandonou a possibilidade de concorrer à reeleição. A pré-candidatura de Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, tem enfrentado resistências internas de sua legenda. Ainda existe a possibilidade de Bolsonaro lançar alguém de sua família – um dos filhos ou a esposa. O cenário permanece em aberto.
“No cenário para 2026, tudo indica que a população quer alternância e vai buscar uma alternativa à direita. O Zema tem um potencial enorme para, a partir desse desconhecimento, ganhar capilaridade. Em Minas, a performance dele é muito boa no estado como um todo. Lá, Zema contra Lula são 20 pontos de diferença. O Aécio Neves (PSDB), quando concorreu contra a Dilma (Rousseff em 2014), perdeu em Minas. Sul e Sudeste podem decidir eleição pelo número de eleitores”, projeta o deputado estadual.
Van Hattem discursou com uma foto sua ocupando a mesa diretora da Câmara dos Deputados durante a obstrução da oposição no Congresso Nacional. “Liberdade não se negocia. Liberdade não se pede. Liberdade se exerce e quem tem compromisso com a liberdade luta com ela até o fim”, discursou, no palanque.
“Queremos um país em que a palavra democracia não faça parte de uma narrativa mentirosa. Faça parte da prática diária de cada cidadão, daquele que se interessa por política e daquele que não se interessa. É preciso que tenhamos pessoas comprometidas no dia a dia da política brasileira para não permitir que o silêncio e a omissão dos bons acabe gerando o domínio dos maus”, afirmou ainda o deputado federal.
Fonte: Diego Nuñez / Correio do Povo