
O setor industrial teve variação de 0,1% em junho, na comparação com maio, após dois meses seguidos de queda. No entanto, a indústria não eliminou o recuo acumulado de 1,2% em abril e maio. Com esses resultados, a produção industrial se encontra 2,0% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020), mas ainda 15,1% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Na comparação com junho de 2024, a produção industrial caiu 1,3%. O Rio Grande do Sul encerrou o período com um desempenho melhor, alta de 0,2%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada hoje (1º) pelo IBGE.
Houve alta na produção em 17 das 25 atividades industriais. Veículos automotores, reboques e carrocerias teve o maior impacto com alta de 2,4%, após recuar 4,0% em maio de 2025. Outros destaques positivos vieram das atividades de metalurgia (1,4%), de celulose, papel e produtos de papel (1,6%), de produtos de borracha e de material plástico (1,4%), de outros equipamentos de transporte (3,2%), de produtos químicos (0,6%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (1,7%) e de impressão e reprodução de gravações (6,6%).
De acordo com o gerente da pesquisa, André Macedo, a interrupção do comportamento negativo na indústria em junho de 2025 foi marcada pelo aumento no espalhamento de setores em crescimento, o mais disseminado desde junho de 2024, quando foram 22 atividades com taxas positivas. Nesse mês, ele destaca também o avanço verificado na indústria automobilística, que cresceu 2,4%, impulsionada, em grande parte, pela maior produção de automóveis. “Com esse resultado, o setor elimina parte da queda de 4,0% assinalada em maio e volta ao comportamento positivo, característica do setor em 2025.”, explica Macedo.
Entre as oito atividades com queda na produção, os principais impactos negativos vieram de indústrias extrativas e produtos alimentícios, ambos com perda de 1,9%, e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com queda de 2,3%. Essas três atividades representam aproximadamente 45% do total da indústria.
A indústria extrativa foi impactada pela menor produção de minério de ferro, e interrompeu quatro meses seguidos de crescimento, período em que acumulou expansão de 9,3%. O setor de alimentos marcou o quarto mês seguido de queda, período em que acumulou recuo de 3,6%, em função da menor produção de açúcar, carnes de bovinos, aves e suínos, sucos de laranja e alguns produtos derivados da soja. Já a atividade de coque, derivados do petróleo e biocombustíveis acumulou perda de 9,1% em três meses consecutivos de taxas negativas, impactada pela redução na produção de álcool e, em menor escala, de produtos derivados do petróleo.
Ainda na passagem de maio para junho, bens de capital (1,2%) e bens de consumo duráveis (0,2%) tiveram taxas positivas em junho, após recuarem, respectivamente, 1,6% e 3,3% no mês anterior. Já os setores de bens de consumo semi e não duráveis (-1,2%) e de bens intermediários (-0,1%) tiveram resultados negativos em junho. O primeiro registrou o terceiro mês seguido de queda, período em que acumulou recuo de 5,7%. O segundo repetiu a perda de maio de 2025 (-0,1%).
QUEDA
Na comparação com igual mês do ano anterior, o setor industrial caiu 1,3% em junho de 2025, com resultados negativos em duas das quatro grandes categorias econômicas e 12 dos 25 ramos. Bens de consumo semi e não duráveis (-8,8%) e bens de capital (-1,2%) recuaram, respectivamente, 8,8% e 1,2%, em junho de 2025. Já bens intermediários (1,7%) e bens de consumo duráveis (0,2%) apontaram os resultados positivos em junho de 2025.
Entre as atividades, as principais influências negativas no total da indústria foram registradas por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-13,2%) e produtos alimentícios (-3,2%). Outras contribuições negativas mais intensas vieram de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-7,4%), bebidas (-5,0%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-4,0%) e celulose, papel e produtos de papel (-1,8%).
Macedo explica que a queda do setor extrativo é pontual, pois esse não é o comportamento dessa atividade em 2025. “A indústria extrativa mostra uma maior frequência de resultados positivos e encontra-se 4,5% acima do patamar de dezembro de 2024. Vale destacar que esse segmento é o principal impacto positivo tanto na comparação interanual como no acumulado no ano”.
Já derivados do petróleo e biocombustível e produtos alimentícios aparecem como impactos negativos importantes tanto no interanual como no acumulado no ano. O gerente da pesquisa explica que o processamento da cana-de-açúcar tem grande influência nessas atividades. “É um produto que afeta o setor de alimentos, com o açúcar, e o setor de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, por conta do álcool”, diz.
Em relação as 13 atividades em expansão, ainda na comparação com junho de 2024, indústrias extrativas (3,8%) exerceu a maior influência no resultado total, impulsionada pela maior produção dos itens óleos brutos de petróleo, minérios de ferro pelotizados ou sinterizados e gás natural. Outras contribuições positivas relevantes vieram de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (14,2%), de metalurgia (4,0%), de produtos de borracha e de material plástico (5,0%), de produtos químicos (1,9%), de produtos têxteis (9,4%), de outros equipamentos de transporte (10,0%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (1,4%), de produtos do fumo (13,7%) e de máquinas e equipamentos (1,9%).
SEGUNDO TRIMESTRE
O setor industrial cresceu 0,5% no segundo trimestre, mantendo o patamar positivo iniciado no quarto trimestre de 2023 (1,1%). No entanto, reduziu o ritmo frente aos resultados do primeiro trimestre do ano (2,1%), do último trimestre de 2024 (3,1%) e do período julho-setembro do ano passado (3,9%). Todas essas comparações são contra igual período do ano anterior.
Esse menor dinamismo foi verificado em três das quatro grandes categorias econômicas, com destaque para bens de consumo semi e não duráveis (de 1,3% para -5,9%), pressionada, em grande parte, pela menor produção do grupamento de carburantes (de 10,3% para -20,9%). Bens de consumo duráveis (de 11,4% para 5,5%) e de bens de capital (de 4,5% para -1,2%) também recuaram entre esses dois períodos, enquanto bens intermediários (de 1,3% para 3,0%) foi o único com ganho de ritmo e registrou o avanço mais intenso desde o segundo trimestre de 2021 (17,7%).