
A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) espera para a próxima semana o anúncio de um novo auxílio do Governo do Estado para as empresas gaúchas afetadas pelas tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as exportações brasileiras. Na terça-feira, 5, uma reunião na sede da federação com representantes do governo do estado tentará ampliar em mais R$ 100 milhões a linha de crédito já liberada.
O anúncio foi feito na manhã desta sexta-feira, 1, pelo presidente da Fiergs, Cláudio Bier. O crédito do estado tem dois anos de carência e prazo de três anos de pagamento. Junto ao governo Federal o setor pede crédito junto ao BNDES e também medidas trabalhistas semelhantes as adotadas no período da pandemia.
“Somos o estado mais atingido depois que saiu a lista das exceções. Não podemos retaliar. Temos que ter muita paciência, muito diálogo com o mercado norte-americano para encontrar uma solução que agrade aos dois lados. Estamos contratando lobistas que vão agir junto ao governo dos EUA para buscar uma alternativa”, diz Bier defendendo a adoção de auxílios dos governos estadual e federal.
A entidade também já está agendando uma reunião com os sindicatos dos trabalhadores buscando uma atuação conjunta na proteção do emprego e dos negócios. “Gastamos muito em treinamento. Demitir um funcionário qualificado é muito grave”, comenta Bier.
ESTUDO
Estudo preliminar realizado pelo Sistema FIERGS indica que 85% dos produtos da indústria gaúcha vendidos aos Estados Unidos serão taxados em 50% a partir de 6 de agosto. A isenção anunciada pelo governo Donald Trump deixou o Rio Grande do Sul bastante abaixo do Brasil.
No país, 44,6% dos itens não sofrerão a aplicação da taxa máxima, enquanto no estado esse percentual é de 14,9%. Com isso, a estimativa inicial é de que o Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho possa ter uma redução de R$ 1,5 bilhão em 2026 – a projeção inicial era de R$ 1,9 bilhão.
O estudo preliminar realizado pela FIERGS aponta que mais de 140 mil trabalhadores atuam em setores expostos às medidas anunciadas pelo governo do EUA. A estimativa é de que 20 mil postos de trabalho estejam diretamente ameaçados no estado.
No documento divulgado pelos norte-americanos, alguns artigos do segmento de celulose e papel não tiveram mudança na tarifa aplicada, mas demais setores estratégicos para o RS foram taxados. Madeira e derivados estão sob uma investigação própria da chamada seção 232, permanecem também sem alteração até conclusão do processo, mas correm o risco de sofrer elevação de tarifas mais adiante.