A desaceleração do crescimento da economia brasileira ao longo do segundo semestre deve impactar na produção de calçados. A previsão fez parte da reunião do Grupo de Inteligência de Mercado da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro Calçados e Artefatos (Assintecal) realizada no formato on-line.
Comandada pelo doutor em Economia e consultor setorial Marcos Lélis, a reunião buscou traçar um cenário e projeções de curto e médio prazos para empresas fornecedoras de materiais para couro e calçados. Segundo Lélis, as incertezas internacionais, especialmente nos Estados Unidos, vem impedindo uma diminuição nas taxas de juros praticadas no Brasil, impactando diretamente o consumo das famílias. “Hoje, 28% da renda das famílias está comprometida com dívidas. Das dívidas, 35% são juros”, explica o economista, lembrando que hoje, os juros de longo prazo praticados no Brasil estão em torno de 14%, muito acima dos patamares da pré-pandemia (9%)..
Lélis destaca que o cenário indica uma desaceleração na economia brasileira, que no primeiro semestre foi muito impulsionada pelo agronegócio – super safra – e pelo consumo das famílias. Mesmo diante do cenário, a previsão do FMI indica um crescimento de 2,2% no PIB brasileiro, próximo à média dos últimos 20 anos. “A partir de maio, devemos diminuir o ritmo do crescimento, que deve voltar fortalecido somente no último trimestre de 2025, muito em função da base fraca do ano passado”, projeta.
CALÇADOS
Com o cenário internacional mais favorável e o consumo doméstico em arrefecimento, Lélis destaca que a Abicalçados prevê um crescimento entre 1,4% e 2,2% na produção de calçados para 2025, número muito abaixo do incremento registrado em 2024 (+4,3%). O incremento deve ser puxado pelas exportações, que devem crescer entre 1,2% e 4,1%, também conforme a Abicalçados. “Como o mercado interno absorve entre 10% e 12% da produção, o impacto da queda no consumo doméstico deve ser determinante para o crescimento menor da produção em relação a 2024”, conclui.