
A presença do Aedes aegypti, transmissor da dengue, permanece com Índice Médio de Fêmeas (IMFA) em nível satisfatório desde o final de junho em Porto Alegre, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), e a tendência é de queda de casos conforme as temperaturas permaneçam ou mantenham-se abaixo dos 15°C – o que exige atenção, já que as temperaturas têm oscilado ao longo do dia. Quem analisa é Raquel Rosa, enfermeira responsável pela Vigilância de Arboviroses da SMS.
Apesar da permanência do frio, as temperaturas têm aumentado ao longo do dia. Rosa explica que a temperatura de 20 graus pode fazer com que o mosquito sobreviva e consiga manter os focos devido à adaptação biológica do vetor e a facilidade em se reproduzir em temperaturas maiores. Ela afirma que os casos de contaminações “dificilmente” irão zerar enquanto houver focos. “A tendência é de queda se tiver um frio sustentado. Não adianta ter 10 graus de manhã e 20 de tarde”, ela explica.
A dengue soma 16.145 casos confirmados em Porto Alegre, conforme painel de arboviroses da SMS. O último boletim da última semana epidemiológica identificou apenas sete novos casos, diferente do que se via no mês de maio. A letalidade, porém, segue preocupante, nas palavras de Rosa – já são registrados 22 óbitos pela doença. Foram identificadas 54.667 notificações de suspeitas até o final da semana epidemiológica 27 (até 5 de julho). A maioria dos casos confirmados são de pessoas com mais de 65 anos.
O tipo mais identificado é o sorotipo 1, que não é mais agressivo que o ano passado. “O que a gente está vendo é gente com comorbidade prévia e a saúde já fragilizada”, analisa Rosa, acrescentando que, considerando que o agravamento da doença é rápido, o intervalo de procura de serviço e o manejo clínico também podem interferir na gravidade da doença.
A 20ª morte por dengue foi confirmada na última terça-feira, dia 1º, pela Diretoria de Vigilância em Saúde. Trata-se de uma criança de 8 anos do sexo masculino, com comorbidades. O óbito ocorreu em 27 de maio. Já as duas últimas se referem aos dias 24 de abril e 23 de maio, mas que só foram confirmadas nos últimos dias. Em comparação com o ano passado, o número de mortes é maior no mesmo período, considerado um recorde, mas o número de casos confirmados é menor.
Até as duas últimas semanas epidemiológicas, 27 bairros de Porto Alegre registraram casos confirmados de dengue. De acordo com boletim da Secretaria Municipal da Saúde, a maior incidência foi observada no bairro Praia de Belas, com 65,7 casos por 100 mil habitantes, seguido do Jardim Floresta, com 44,9 casos para cada 100 mil habitantes.
Prevenção
A cobertura da vacinação segue em todas as unidades de saúde no município para o público-alvo de pessoas entre 10 e 14 anos. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a taxa de vacinação da primeira dose da vacina está em 49,2%, enquanto a segunda dose registra 19,2%, considerando o público alvo de 72.898 pessoas. Rosa analisa como cobertura baixa, e reforça a necessidade de prevenção para os grupos.
As equipes de vigilância seguem percorrendo os bairros com maior incidência em busca de focos. Nesta segunda-feira, os bairros Vila João Pessoa, Jardim Itu e Lomba do Pinheiro foram vistoriados. Na semana epidemiológica 26 (até o dia 28 de junho, o índice médio de fêmeas de Aedes aegypti (IMFA) permanece no nível considerado satisfatório, com índice 0,08, desde o dia 8 de junho, segundo a SMS. Foram coletadas fêmeas em 59 armadilhas das 869 vistoriadas, representando 6,78% das armadilhas positivas para o mosquito. Tanto a tenda de hidratação instalada no estacionamento do Stok Center quanto a montada junto à UPA Moacyr Scliar, na zona Norte, encerraram as atividades por conta da baixa demanda de atendimentos.

Fonte: Correio do Povo