Porto Alegre está atenta à elevação dos níveis do Guaíba e Rio Jacuí. O alerta decorre dos acumulados de chuva nesta sexta-feira, somados à precipitação em afluentes ao longo da semana. Segundo o Executivo Municipal, medidas preventivas já foram adotadas e todas as casas de bomba do sistema de drenagem estão aptas a operar.
Nesta manhã, conforme informações do sistema da Agência Nacional de Águas (ANA), o Guaíba atingiu a marca de 2,26 metros no Cais Mauá. Já no início da tarde, às 12h15min, o nível chegou a 2,79 metros na Usina do Gasômetro. O índice ainda é inferior ao da cota de alerta, de 3,15 metros, sendo que a inundação ocorreria a partir dos 3,60 metros.
Apesar da água ter subido mais de 30 centímetros desde a noite de quinta, os hidrólogos consultados pela prefeitura estimam que o Guaíba não deverá transbordar. As áreas com maior chance de extravasamento são o bairro Arquipélago, onde de fato houve pontos de inundação, e o extremo Sul. Porém, até o momento desta publicação, não havia qualquer orientação da Defesa Civil sobre necessidade de evacuação de moradores em nenhuma dessas regiões.
O Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) assegura ter realizado a revisão preventiva de todo o sistema de proteção contra cheias em Porto Alegre. Na avaliação das equipes, o funcionamento do aparato de drenagem foi positivo, e os alagamentos registrados nos bairros Humaitá, Farrapos e Sarandi, todos na zona Norte, foram fruto do grande volume de chuva, que em 24 horas superou a média mensal de todo o mês de junho.
Em outras palavras, ainda segundo o DMAE, o acumulado foi maior que a capacidade da rede nas localidades inundadas. Além disso, outro fator que teria contribuído para os alagamentos seria a grande quantidade de resíduos nas tubulações e bocas de lobo, o que impede o escoamento da água.
O diretor-executivo do DMAE, Vicente Perrone, conversou com a reportagem e disse que todas as 23 casas de bombas em Porto Alegre estão em boas condições de funcionamento. Ele destaca que, destas, 18 contam com geradores para a suplementação de energia em caso de oscilação da rede.
“Mais de 40 bombas estiveram em funcionamento simultâneo nos últimos dias, sem qualquer registro de problemas. O sistema operou de forma permanente e a drenagem teve o resultado esperado. Os motores estão em bom estado e as instalações elétricas, também. Não houve falta de energia em nenhum momento. Estamos preparados e temos condições de enfrentar as possíveis adversidades”, afirmou o diretor-executivo do DMAE.
Questionado sobre a possibilidade do fechamento de comportas, Perrone destacou que, até o momento desta publicação, não havia indícios que apontassem para a necessidade da medida. A situação poderá ser reavaliada, a depender dos próximos alertas meteorológicos.
“No momento, ainda não há indícios que nos levem a cogitar o fechamento das comportas. É óbvio que a questão será avaliada de forma pontual, nas próximas horas e dias, mas nenhum dos modelos que consultamos apontou para essa direção até agora”, ponderou Vicente Perrone.

Obras em estação de bombeamento
Perrone também esclareceu o propósito das reformas na Estação de Bombeamento de Água Pluvial (EBAP) número 6, no bairro Anchieta, a mesma que atende a região do Aeroporto Salgado Filho. Ali, na noite de quinta-feira, caminhões descarregaram materiais de construção, e a movimentação gerou especulações em grupos de WhatsApp sobre as condições de funcionamento da estrutura.
A reportagem esteve na EBAP 6, mas foi impedida por um guarda municipal de conferir o interior do lugar. Todavia, conforme o diretor-executivo do DMAE, o equipamento está em boa forma e opera sem percalços. Perrone destaca que as obras acontecem de forma preventiva e que visam a construção de um dispositivo nomeado “chaminé de equilíbrio”, que tem a função de proteger os equipamentos da água e, assim, evitar a interrupção do bombeamento em caso de elevação do Rio Gravataí.
A chaminé será construída no entorno do poço de descarga, que é espaço de onde chega a rede pluvial. O objetivo é que a água suba através da chaminé, ao invés de entrar no solo e prejudicar o funcionamento das bombas, como ocorreu durante as enchentes do ano passado.
“Não há nada de errado com a EBAP 6. A ideia de construir a chaminé de equilíbrio ali é apenas uma medida preventiva. Estamos agindo de forma antecipada. Ainda temos ‘muita gordura para queimar’ e condições de enfrentar um aumento de até mais 90 centímetros do nível da água, o que não parece que ocorrerá”, enfatizou o representante do DMAE.