IPCA-15 e tensão entre Trump e Fed são destaque na semana de mais um feriado

Dependendo de Donald Trump, esses dias seriam amenos na agenda dos investidores

Crédito: Agência Gov.BR

Esta é mais uma semana esvaziada em relação à divulgação de indicadores econômicos. Com feriado no Brasil na segunda-feira, 21, os principais dados são IPCA-15 no Brasil, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que será conhecido na sexta-feira, 25, os discursos dos membros do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) ao longo da semana, as expectativas de inflação do consumidor americano e as prévias dos índices de gerente de compras (PMIs, na sigla em inglês) dos EUA, França, Alemanha, Zona do Euro, Reino Unido e Japão, no dia 23.

A semana econômica começa na terça-feira, 22, com a divulgação do relatório Focus pelo Banco Central com as projeções de agentes do mercado financeiro. projeta alta de 0,42%, desacelerando em relação ao mês anterior (0,64%). A justificativa para esta desaceleração deverá ficar com a gasolina e alimentação, mesmo que gradual, mas ainda entre 5,5% e 6% em 2025.

A semana também contempla dados sobre as sondagens do consumidor, na quinta-feira, 24, e da construção, na sexta-feira, 25. Entre as divulgações de balanços trimestrais do mercado corporativo, a temporada começa com os resultados de Hypera (HYPE3) na quarta-feira, 23, mas Vale (VALE3), Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4) sendo os destaques na quinta-feira, 24.

MERCADO INTERNACIONAL

Entretanto, calendário esvaziado não é sinônimo de falta de volatilidade no período de Donald Trump na presidência dos EUA. Além das tarifas comerciais, o mandatário agora aponta a sua mira para o chairman do Fed, Jerome Powell. Trump voltou a expressar o seu descontentamento com Powell na última semana, após ele discursar em um evento no Clube Econômico de Chicago.

“Powell disse que as tarifas de Trump vão desacelerar a economia – embora não chegue a uma recessão – e elevar os preços na economia dos EUA, a princípio de forma transitória. Por isso, a cautela por não saber exatamente os desdobramentos das tarifas reforça a atual sinalização de manutenção da taxa de juros no intervalo entre 4,25% e 4,5%”, comenta Leandro Manzoni, analista de economia da plataforma Investing.com.

A justificativa de Powell, conforme o analista, é de que os dados recentes ainda apontam um mercado de trabalho robusto e uma inflação ainda longe da meta de 2% ao ano. A espera de Powell pelos impactos das tarifas é para entender qual dos dois mandatos do Fed – estabilidade de preços e criação de emprego – será o enfoque da política monetária nos próximos meses. Segundo Powell, hoje não há tensão entre eles.

O principal desafio do Fed é que a elevação de preço provocada pelas tarifas não deteriorem a expectativa de inflação. Se bem-sucedido e realmente a inflação se mostrar transitória, possibilitará a retomada de cortes, provavelmente no fim do ano. Porém, a pressão de Trump para taxa de juros baixa pode atrapalhar esse processo e apimentar o processo de deterioração da expectativa de inflação. Já surgiram relatos na imprensa que o presidente americano já sondou a troca de Powell, o que foi apaziguado por Scott Bessent, secretário do Tesouro.

Sem poder fazer a troca até o ano que vem, quando termina o mandato de Powell no Fed, resta Trump a usar os seus discursos e postagens em sua rede social para pressionar não somente Powell, mas toda a diretoria do Fed. Antevendo as críticas de Trump pela decisão de cautela na política monetária em um patamar de juros restritivo, Powell afirmou no Clube Econômico de Chicago que as decisões são tecnicamente baseadas em dados e não a mando de alguém, fazendo clara referência ao presidente americano.