Um pesquisa do Instituto Ipsos revelou que 45% dos brasileiros sofrem de ansiedade, com uma maior prevalência entre mulheres (55%) e jovens de 18 a 24 anos (65%). Já os que afirmam ter depressão entre os entrevistados somam 19%, sendo novamente a porcentagem de mulheres (24%) maior que a dos homens (13%).
Foram ouvidos médicos de diversas especialidades e mais de 1 mil pessoas da população brasileira, de diferentes regiões e classes sociais. Os dados revelam um cenário preocupante: a prevalência de transtornos mentais como ansiedade e depressão e a necessidade urgente de maior atenção a esse tema.
O mapeamento faz parte do estudo “Calendário da Saúde”, que vai monitorar, no decorrer dos próximos meses, a opinião pública dos brasileiros sobre questões de saúde atreladas ao calendário oficial de ações do Ministério da Saúde.
Conscientização crescente entre a população
O conhecimento sobre campanhas de saúde também foi um tema questionado aos participantes da pesquisa. O Setembro Amarelo é, atualmente, a terceira campanha de saúde mais conhecida pelos brasileiros (73%), mostrando que as iniciativas promovidas desde 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) já são bem assimiladas pela população.
“Vemos que o Brasil segue se destacando em incidência de problemas relacionados à saúde mental. Em outros monitoramentos realizados pela Ipsos, o país costuma liderar no tema da ansiedade e estar entre os mais altos índices na autodeclaração de depressão quando comparados com outros países”, explica Amanda Sousa, gerente de pesquisas de saúde na Ipsos.
Para ela, o estudo reforça a importância em continuar a promover o diálogo aberto sobre saúde mental para combater o estigma e garantir que todos tenham acesso ao diagnóstico e tratamento adequados.
Doenças mentais e seus efeitos na prática médica
Os resultados do mapeamento indicam que os transtornos mentais mais comuns entre os pacientes atendidos pelos psiquiatras são ansiedade (100%), depressão (100%), transtorno bipolar (70%), TDAH (63%), TOC (30%), esquizofrenia (23%) e TEPT (23%).
Além disso, 93% dos psiquiatras entrevistados afirmaram que esses transtornos impactam fortemente a qualidade de vida dos pacientes, pontuando entre 8 e 10 em uma escala de impacto de 1 a 10.
Entre os desafios mais citados pelos psiquiatras estão a falta de adesão dos pacientes aos planos de tratamento, o preconceito e a desinformação sobre saúde mental, a gestão de casos complexos, a sobrecarga de trabalho e o esgotamento profissional, além de questões legais e éticas na prática psiquiátrica.
Saúde mental no tratamento oncológico
A pesquisa também revelou que saúde mental é uma temática cada vez mais multidisciplinar com impacto importante no tratamento de pacientes oncológicos, por exemplo.
Mais de 53% dos oncologistas entrevistados indicaram que problemas de saúde mental são muito comuns entre seus pacientes, e 81% destacaram que esses transtornos impactam significativamente o sucesso do tratamento.
Apesar disso, apenas 56% dos profissionais afirmam ser uma prática comum o encaminhamento dos pacientes oncológicos para serviços especializados em doenças mentais para realizarem um acompanhamento conjunto, mostrando uma necessidade de suporte à saúde mental como um aspecto complementar ao tratamento oncológico.
Nas demais especialidades clínicas, como dermatologia, cardiologia e endocrinologia, o cenário não é diferente. Cerca de 55% dos médicos afirmaram que os problemas de saúde mental são muito comuns entre seus pacientes, e 89% reconheceram o impacto significativo dessas condições no tratamento.
No entanto, o gap dos especialistas que encaminham os pacientes para realizar um tratamento psíquico paralelo ao de sua especialidade é ainda maior: apenas 48% mencionam que está é uma prática comum.