Iniciou por volta das 10h30min desta terça-feira, em Porto Alegre, o júri de um homem de 43 anos que foi acusado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) por tentativa de feminicídio contra uma ex-namorada. O crime ocorreu no bairro Hípica, Zona Sul da Capital, em dezembro de 2019, e as qualificadoras são motivo torpe, dissimulação, meio cruel em razão de asfixia e a questão de gênero em si. A vítima sobreviveu ao crime, que ocorreu dentro de um carro estacionado em uma rua, porque foi socorrida por um motorista que parou seu veículo ao perceber as agressões.
O réu também descumpriu, na ocasião, medida protetiva e foi preso em fevereiro de 2020 em um apartamento no Centro da Capital. De acordo com a investigação policial, ele é suspeito por agressão, ameaça e repetidos descumprimentos de ordens judiciais, medidas protetivas, contra outras nove ex-namoradas. São casos registrados desde 2001 em Porto Alegre e Gravataí, além da identificação de duas vítimas em Brasília e Barcelona, na Espanha. Em 2019, o investigado chegou a ser preso em uma operação de combate a feminicídios realizada em todo país, mas foi liberado um dia depois.
O promotor de Justiça Eugênio Amorim está atuando em plenário pelo MPRS. Segundo ele, “a expectativa é de um trabalho longo, são nove testemunhas para serem ouvidas e, com certeza, um debate acirrado, principalmente pelo que se viu no processo, ou seja, uma tentativa de vitimizar o réu. Nós vamos sustentar o pedido de condenação, acima de tudo, porque temos provas consistentes do crime cometido”.
A primeira pessoa a depor foi a vítima, que ressaltou ter feito sete ocorrências policiais contra o réu. Atualmente, ele se encontra preso na Penitenciária Estadual de Canoas. Na época em que houve a denúncia deste caso, o MPRS chegou a sugerir que, não somente as vítimas do réu, mas que as mulheres levassem adiante todas as denúncias de violência doméstica.