Enquanto o Congresso debate a criação de um teto de juros para o rotativo do cartão de crédito, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, confirmou nesta quinta-feira, que a modalidade deve deixar de existir. Como antecipou a Agência Estado (AE), Campos Neto destacou que o grupo de trabalho – formado pelo BC, governo e bancos – deve encaminhar nos próximos 90 dias uma solução com o fim do rotativo – tipo de empréstimo oferecido aos clientes de cartão de crédito que não conseguem pagar o valor total da fatura até o vencimento.
“Deve ser anunciado nas próximas semanas”, afirmou o presidente do BC, em arguição pública no plenário do Senado, onde deu explicações sobre as decisões tomadas pela autarquia no primeiro semestre. “Deveríamos ter feito antes medidas para solucionar o rotativo”, admitiu.
Campos Neto ressaltou que a ideia é que o crédito seja direcionado diretamente para um parcelamento da dívida com taxa de juros menor, em torno de 9% ao mês. Em julho, as instituições financeiras chegaram a cobrar taxas de 437,3% ao ano, caso o titular do cartão não pague o valor total da fatura.
Ele também disse que está sendo estudada a possibilidade da criação de uma tarifa para desestimular o parcelamento sem juros de longo prazo no cartão de crédito. “Não é proibir o parcelamento sem juros, é simplesmente tentar fazer com que ele fique um pouco mais disciplinado”, comentou. Atualmente, as compras com cartão de crédito respondem por 40% do consumo brasileiro.
O presidente do BC acrescentou: “Com exceção da China, nenhum outro país teve aumento tão grande em cartões como o Brasil. Estamos estudando soluções para o número de cartões, mas reduzir cartões pode prejudicar o varejo.”
Reforma tributária
O presidente do Banco Central destacou, ainda, a importância de se aprovar a reforma tributária já votada em dois turnos na Câmara dos Deputados e inicia a tramitação no Senado.
“A reforma tributária é muito importante para o País, no que esteve ao meu alcance conversei com as pessoas para convencê-las. Temos várias disparidades na tributação, não sei se vamos conseguir consertar todas, mas a proposta que está tramitando é melhor do que o sistema que temos hoje”, afirmou.
Segundo Campos Neto, a simplificação do sistema tributário brasileiro vai contribuir no médio prazo para o aumento da eficiência da economia. “Eu tenho apoiado a reforma tributária”, enfatizou.