A possibilidade de aumento da inflação para 2025 e 2026 justifica a decisão tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, de elevar a taxa Selic em um ponto percentual. Esta é a interpretação da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) sobre a elevação, para 12,25%, da taxa de juros brasileira. “A decisão reflete a maneira como o Executivo tem conduzido a política fiscal nesse ano. O pacote de redução de gastos apresentado pelo Governo Federal não é suficiente para estabilizar a dívida pública, que atualmente chega a cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Essa atitude refletiu na elevação das expectativas de inflação e gerou fortes impactos na taxa de câmbio, que atingiu suas máximas históricas”, diz o presidente da FIERGS, Claudio Bier.
Bier entende que o movimento do Copom foi adequado para preservar a credibilidade da política monetária e manter a estabilidade econômica em médio e longo prazos. “Reconhecemos, contudo, que essa medida traz desafios significativos para o setor produtivo, sobretudo para as indústrias e os pequenos negócios, que já enfrentam elevadas pressões de custos”, conclui o presidente da FIERGS.
Já para o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, havia muitas dúvidas e algumas certezas para esta decisão entre as quais a magnitude da alta e se a decisão seria unânime ou não. Entre as certezas, estava o fato de que a conjuntura apresentou uma dinâmica que apenas reforça pressões inflacionárias. No ambiente externo, tanto os dados de atividade nos EUA quanto os resultados da eleição apontam para um cenário à frente com mais inflação, o que acaba contratando taxas de juros mais altas, com reflexos sobre a cotação da moeda americana.
“No âmbito interno, a insuficiência do pacote fiscal em endereçar uma viabilização estrutural do arcabouço fiscal somado a um anúncio de isenção do imposto de renda para pessoas com renda mensal de até R$ 5.000,00, ainda que com a intenção de ser compensado com a tributação de rendas mais altas, tornaram claro que não existe um compromisso genuíno com o equilíbrio fiscal. Com o câmbio passando de R$ 6,00, a curva de juros precificando taxas altíssimas, expectativas de inflação se deteriorando para horizontes de tempo cada vez maiores, acelerar a alta dos juros era uma certeza. Enquanto o fiscal não fizer a sua parte, a política monetária vai ter esse gosto cada vez mais amargo. O Brasil já deveria ter aprendido a lição de que finanças públicas desequilibradas cobram, cedo ou tarde, o seu preço. A conta está chegando”, diz Bohn.