A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que 26,4 mil frascos de insulina comprados pela Pasta foram entregues nesta segunda-feira. A SES também recebeu 5.010 unidades do medicamento vindas do Amazonas e que foram remanejadas pelo Ministério da Saúde. Dessa forma, a Pasta estima que o atendimento aos pacientes cadastrados esteja garantido pelos próximos 45 dias.
De acordo com Simone Pacheco do Amaral, diretora-adjunta do Departamento de Assistência Farmacêutica, o Estado providencia ainda uma segunda compra a fim de garantir o atendimento em caso de desabastecimento pelo Ministério da Saúde. “Agora nossa meta principal é fazer a distribuição dessa insulina para todas as Farmácias de Medicamentos Especiais do Estado”, esclarece.
A insulina análoga de ação rápida é um medicamento especializado cuja aquisição compete ao Ministério da Saúde, de forma centralizada. O MS informou aos Estados, no dia 3 de abril, que havia uma compra emergencial em andamento para atendimento da demanda brasileira por 180 dias. A pasta também referiu que a aquisição seguia na fase de qualificação técnica (avaliação dos documentos enviados pelas empresas). No dia 27 de abril, o Ministério anunciou, a partir de consulta de estoque do fármaco em todos os estados, a decisão de remanejar o produto disponível para cobertura de outras unidades federativas já desabastecidas.
Falta da caneta da insulina
Apesar de a Secretaria Estadual da Saúde garantir o estoque de insulina, diversos pacientes dizem haver falta do medicamento. Segundo a presidente da Associação de Apoio aos Diabéticos do Rio Grande do Sul (AADIRS), Gabriela Feidem, a caneta de insulina é mais fácil de lidar por causa da agulha acoplada na ponta, favorecendo as crianças por ser uma agulha menor e sem risco da aplicação incorreta.
“O frasco normalmente é indicado para quem usa bomba de insulina porque precisa ser armazenado de outra forma. Tem de ter um pouco mais de cuidado no manuseio e a pessoa que não usa bomba de insulina vai usar seringa”, explica.
Ainda conforme a presidente, a menor agulha que existe no mercado hoje é de 6 milímetros, difícil de encontrar. O SUS fornece agulha de 8 milímetros – é o dobro do que uma criança pode usar. “O manejo dessa seringa para crianças é muito complicado, pois a de 8 milímetros tem que fazer uma prega e uma angulação para aplicar sem machucar a criança”.
Deives Camargo, de 49 anos, conta ter ido buscar a insulina do filho, de 14 anos, no mês passado, quando não encontrou estoques disponíveis. O morador de Porto Alegre conta que, na sexta-feira passada, voltou para buscar as doses deste mês, mas também voltou sem. “Essa (insulina) é a de ação rápida, muito importante porque eles precisam usar mais de uma vez ao dia e antes das refeições. É um problema bem grande não tê-la porque temos que correr para a farmácia particular e o custo é bem grande.”
Já Valéria Lucas dos Santos, mãe de uma menina de 5 anos, moradora de Esteio, ressalta que a falta de insulina está sendo cada vez mais recorrente. “Eu fico imaginando as famílias que não tem condições de arcar com esse custo para o tratamento do seu filho. Eu, graças a Deus, consegui a insulina através de uma ONG até que seja restabelecido o fornecimento do Estado, que até agora não foi. É revoltante porque é a saúde dos nossos filhos e de outras famílias que necessitam desse tratamento”.
A moradora de Caxias do Sul Paloma Pacheco Rossa, 26 anos, trata a diabetes tipo 1 há 19 anos e também enfrenta a incerteza de conseguir o medicamento. “Eu acompanho pelo site do SUS e recebi a notícia no final de abril que em maio iria faltar. No dia 5 de maio eu olhei no site da farmácia digital e o medicamento ainda estava em estoque, mas eu tive que pegar pelo dia 10. Entrei no site e o pessoal do grupo começou a falar que foram até lá e não estavam mais distribuindo. Entrei na página e lá constava que o medicamento não tinha 4em estoque nem previsão de chegada. Eu tive que comprar as minhas insulinas e não sei quando vão chegar, não sei se no mês que vem vai ter e é um dinheiro que eu não tenho, não sei de onde vou tirar”.
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Confira na íntegra a nota do Ministério da Saúde sobre o assunto:
“Em relação à dificuldade de aquisição da insulina análoga de ação rápida, indicada para o tratamento de diabetes mellitus tipo 1, o Ministério da Saúde informa que vem realizando monitoramento intenso da oferta do produto no SUS e adotado uma série de ações para evitar o desabastecimento como: 1. Aquisição emergencial internacional, 2. Remanejamento dos estoques existentes entre estados, 3. Autorização de compra pelas Secretarias Estaduais de Saúde com ressarcimento por parte do Ministério da Saúde.
Cabe reforçar que o país enfrenta cenário de falta de produção nacional de insulina análoga de ação rápida de forma sustentável e capaz de atender às necessidades nacionais.
– Aquisição emergencial internacional:
Na última terça-feira (9/05), foi assinado contrato de aquisição emergencial de 1,3 milhão de unidades de insulina análoga de ação rápida (molécula asparte) para garantir o abastecimento da rede no SUS. O quantitativo é suficiente para o tratamento de mais de 67 mil pacientes em todo o país. A previsão é que a primeira entrega da empresa GlobalX seja realizada até 09 de julho. O Ministério da Saúde mantém tratativas com o distribuidor para antecipação de parte do quantitativo.
A insulina adquirida – molécula asparte, produzida pela empresa Gan & Lee – possui registro em países com agências regulatórias sanitárias membros do ICH (International Council for Harmonisation ), a qual a China faz parte. A OMS e a Anvisa aceitam e recomendam o registro do ICH para situações de emergência.
– Remanejamento dos estoques:
A expectativa, a partir do diálogo constante com as Secretarias Estaduais de Saúde e monitoramento intenso por parte do Ministério em parceria com o CONASS, é que seja possível manter o abastecimento igualitário na rede SUS até o início de junho a partir do remanejamento entre os entes federados. Além disso, o Ministério da Saúde vem ressarcindo os estados que possuem pauta vigente para aquisição direta do fármaco.
Por fim, cabe informar que as insulinas regulares mais consumidas estão em estoque adequado e o caso da insulina análoga de ação rápida está sendo tratado com máxima prioridade junto aos fornecedores nacionais e internacionais para garantir o atendimento da população.”