O Sindmotoristas, sindicato que representa motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo, faz uma nova greve de ônibus nesta quarta-feira (29). A medida foi tomada depois que uma reunião entre os trabalhadores e o sindicato patronal terminou sem acordo na tarde dessa terça.
A Prefeitura de São Paulo informou que o rodízio municipal está suspenso. Carros com placas com final 5 e 6 poderão circular pelo centro expandido em qualquer horário. As faixas exclusivas e corredores de ônibus ficarão liberados para circulação de carros de passeio enquanto durar a greve.
A SPTrans, empresa municipal que administra o serviço de ônibus na cidade, disse lamentar a decretação de greve de forma “inoportuna” por parte do Sindicato dos Motoristas, antes mesmo do julgamento do mérito da negociação entre funcionários e o sindicato patronal pelo Tribunal Regional do Trabalho. O Executivo municipal solicitou à Justiça o aumento da multa diária de R$ 50 mil.
Ainda segundo relatório da SPTrans, atualizado às 4h, 62 linhas do período noturno estavam operando normalmente, enquanto 88 estavam inoperantes.
Nova paralisação
Já são dois meses de negociação, com uma paralisação no último dia 14 que afetou 2,7 milhões de pessoas e causou transtorno a moradores da capital paulista.
“Os patrões não atenderam às reivindicações, e a greve é total”, afirmou ao R7 o presidente em exercício do Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas de Ônibus) de São Paulo, Valmir Santana da Paz. O posicionamento difere do que se verificou na última paralisação — na ocasião, o sindicato afirmava que realizaria a greve “com responsabilidade” para não prejudicar a população.
Também pesa contra a paralisação ampla a determinação judicial obtida pela Prefeitura de São Paulo. A liminar determina a manutenção de 80% da frota em operação nos horários de pico e de 60% nos demais horários, sob pena de multa diária de R$ 50 mil.
No dia 14, os motoristas conseguiram o atendimento de uma de suas reivindicações algumas horas depois de desrespeitarem a determinação: o reajuste do salário de 12,47% retroativo a maio. O gasto extra foi garantido pela prefeitura, que se comprometeu a liberar subsídios às empresas de ônibus para o pagamento dos trabalhadores. A greve foi então suspensa para que continuassem as negociações.
O sindicato dos motoristas argumenta que, nos dias seguintes, outros pedidos — como a hora de almoço remunerada, PLR (participação nos lucros) e plano de carreira do setor de manutenção — continuaram a ser ignorados. Por isso, o grupo decidiu anunciar nova greve. Esses aspectos ainda continuavam em negociação entre trabalhadores e o sindicato patronal no TRT (Tribunal Regional do Trabalho).
Em nota, o SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros) também lamentou “mais uma greve com terríveis consequências para a mobilidade da população” e relembrou a determinação da Justiça referente à manutenção da frota.