Além das enchentes que atingem diversos municípios, o bloqueio das principais rodovias estaduais e federais também é outro problema que tem causado uma série de transtornos para a população gaúcha nos últimos dias. E uma das consequências destes bloqueios é a falta de acesso a diversas regiões e municípios, seja pela queda de barreiras ou alagamentos das vias.
Assim como os veículos particulares e de empresas, os ônibus e demais veículos de passageiros também acabam afetados. Na Estação Rodoviária de Porto Alegre, de acordo o chefe de operações, Jorge Rosa, apenas para 5% dos destinos ocorrem as viagens. “A situação é que 95% dos ônibus estão impossibilitados. Mas isto não ocorre por conta da rodoviária ou de nenhuma empresa, mas, sim, pelo bloqueio das estradas”, explica.
Conforme o gerente, além de algumas cidades da região metropolitana, apenas destinos que utilizam a BR-116, como Pelotas e Ijuí, é que conseguem atender a demanda dos passageiros. Ao passar pela Estação Rodoviária, o Correio do Povo também flagrou ônibus saindo para o Litoral Norte Gaúcho, para Itaqui e São Borja.
Mais do que as empresas, os principais afetados com a situação são os passageiros. Vindos de diversas partes do Brasil, muitos acabaram surpreendidos com a situação climática e precisaram encontrar uma maneira de se alocar na rodoviária.
Este é o caso do Potiguar Douglas Mariano, de 33 anos. Ele conta que saiu de Natal, no Rio Grande do Norte, na manhã de terça-feira, para se mudar para Farroupilha, onde trabalhará. “Cheguei aqui e me deparei com esta situação. Chegamos a pegar um ônibus para ir para Farroupilha, mas, quando chegamos em Bom Princípio, a estrada estava bloqueada e tivemos que retornar para cá. Agora vou ficar por aqui até ter como voltar”, relata.
Situação parecida vive Roberson Aimar Amaia Lopes, 57 anos. Ele saiu durante a manhã de quarta-feira de Santana do Livramento para vir até a Rodoviária de Porto Alegre, de onde seguiria para a casa da filha, em Caxias do Sul. “Não tinha sido informado nada de que aqui estaria nesta situação. Minha solução foi pedir pra um familiar que, amanhã, virá me pegar para gente ir para lá. Não tem o que fazer”, conta Lopes que também terá de dormir no local.
Situação ainda mais dramática vive Adão Indalencio, 72 anos. Ele saiu na manhã de terça-feira de Bento Gonçalves para consultar em um hospital da Capital, para acompanhamento de uma enfermidade. A ideia era voltar no mesmo dia, entretanto, o bloqueio das vias impediu o retorno. “Pegou todo mundo desprevenido. Tinha gente com crianças que também iria para lá. Ninguém esperava que ia acontecer isso tudo no mesmo dia. A solução vai ser ficar por aqui aguardando”, conta.
A orientação para quem ainda pretende viajar para o interior do Estado, conforme o gerente de operações, é que aguarde para ir até a Rodoviária. No caso dos que darão continuidade, há possibilidade de, assim que o serviço estiver normalizado, fazer gratuitamente a revalidação da passagem. Aqueles que tiverem de desistir, podem pedir o reembolso presencialmente na estação.