O repasse integral da taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura (CDO) ao Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) a partir do próximo ano abre perspectivas para modernização da gestão, investimentos em pesquisa e a correção da defasagem salarial dos servidores da autarquia, segundo o novo presidente da instituição, Rodrigo Machado. Criada em 1968, a contribuição é recolhida dos agricultores, mas apenas 60% da receita, em média, fica no Irga e o restante é destinado ao caixa único do Estado. A confirmação do uso de 100% da verba foi anunciada há dez dias pelo governador Eduardo Leite.
Machado lembra que atualmente o Irga trabalha na elaboração de um plano reestruturação jurídico-institucional, em conjunto com o governo gaúcho e entidades do setor. “Tem de modernizar os nossos processos, para tornar a gestão mais eficiente e (garantir) a aplicabilidade dos recursos. Precisamos dar um reconhecimento para os nossos servidores, então a partir da CDO temos um orçamento para contemplar isso e também um plano de negócios”, explica.
Para o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, a receita da CDO poderia atender a diversas necessidades do setor, como investimentos em pesquisa, novas cultivares e uma campanha nacional de incentivo ao consumo de arroz. “Mas o repasse desses recursos é só uma garantia de que vai haver orçamento. Um dos pleitos da Federarroz é que, na sua reestruturação, o Irga tenha uma maior autonomia administrativa, para decidir onde vai aplicar os recursos”, observa.
Entre os servidores da autarquia, a expectativa é que a reversão integral da taxa para o Irga possibilite o realinhamento salarial da categoria e reforços no quadro de profissionais. Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores do Irga (Sindsirga), Michel Kelbert, os valores não são corrigidos desde 2014, e o último concurso público da instituição foi realizado em 2016. Hoje, o salário de um assistente administrativo do Irga é de R$ 1,2 mil, um técnico orizícola ganha R$ 1,8 mil, e técnicos de nível superior recebem R$ 4,3 mil.
Reportagem: Patrícia Feiten / CP