Esclarecer a exportação de arroz, suas particularidades e importância foi o tema da live realizada nesta sexta-feira (28), pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) e pelo Instituto Riograndense do Arroz (Irga). Participaram o presidente da Federarroz, Alexandre Velho, o diretor comercial do Irga, João Batista Gomes, e o diretor da Expoente, Guilherme Gadret da Silva.
Velho abriu a live afirmando que a busca por novos mercados tem sido o foco da entidade há muito tempo e citou como exemplo o trabalho feito para a entrada do arroz brasileiro no México. “Trata-se de um destino muito importante em função do seu tamanho do mercado, importando em torno de 800 mil toneladas de arroz por ano. Tradicionalmente, a compra é feita dos Estados Unidos, mas a partir do ano passado conseguimos começar a enviar arroz para o território mexicano”, colocou, lembrando que outros destinos estão sendo buscados, como é o caso do Panamá. “A logística deste país é fundamental, pois, em função do Canal do Panamá, permite acesso a vários destinos de países próximos”, pontuou.
O presidente da Federarroz disse ainda que é preciso ter uma tradição maior nas exportações, colocando que somente entre 10% e 15% do que é produzido vai para a venda externa. Segundo Velho, a projeção para este ano é de uma exportação de 1,3 milhão de toneladas e, se este número se confirmar, irá influenciar no estoque de passagem, que está “diretamente ligado à conservação deste volume de embarque, o que certamente poderá trazer uma influência de preços para a próxima colheita”. O dirigente ainda ressaltou a importância do Terminal Logístico de Arroz para agilizar o processo de envio para outras nações. O primeiro embarque ocorreu este ano, com destino à Costa Rica.
O diretor comercial do Irga, por sua vez, falou que o regimento interno do Instituto traz como uma de suas diretrizes a exportação e o aumento do mercado de consumo. “Tenho metas para buscar nesse sentido e somar ao que está sendo feito. O Irga precisa se integrar às entidades e unir esforços para obtermos sucesso. Temos uma safra espetacular e hoje na comissão de mercado e comercialização do Instituto estamos tratando da questão de mercado, adequando uma metodologia de trabalho que possa contribuir com todo este processo”, afirmou.
O diretor da Expoente, Guilherme Gadret da Silva, falou sobre a qualidade do grão a ser exportado e como funciona o embarque do arroz. Afirmou que tanto o produtor quanto cooperativas ou indústrias podem exportar. Com relação ao volume, salientou que normalmente é feito com um múltiplo de caminhões, “mas se um produtor pequeno quiser vender uma carreta, 600 sacos de arroz, pode fazê-lo”.
Quanto à logística, Silva informou que normalmente as tradings trabalham com o arroz já colocado no porto. “Geralmente, as empresas de fora não querem se envolver, até por uma questão tributária no mercado interno brasileiro. Portanto, a etapa do produtor nos embarques passa pela venda do arroz, qualidade, quantidade, frete e entrega do produto no porto”, explicou, lembrando que a necessidade de ter uma trading no processo se deve ao volume, uma vez que estas empresas trabalham com vários produtores.
Na questão fitossanitária, Silva comentou que governo e empresas fazem um trabalho para abrir novos mercados, mas é necessário, como tema de casa, ter cuidados internos em relação à qualidade e produtos que estão sendo aplicados nas lavouras. “Devem ser utilizados produtos liberados no Brasil e nomeados para a cultura do arroz”, destacou, lembrando que alguns destinos, como Estados Unidos e Europa, têm restrições a residuais de produtos. “O Brasil, no entanto, tem bastante controle sobre esta questão”, enfatizou.
Silva também falou sobre os custos da exportação a partir do porto, que passam a ser de responsabilidade das empresas compradoras, geralmente uma trading. “O arroz, para chegar dentro do navio, tem os custos do armazém portuário, frete do armazém para o porto, entre outros. Todos esses custos precisam ser avaliados e considerados para se chegar a um preço final do produto exportado”, observou.
Na questão dos destinos, qualidade e competidores, o especialista salientou que é preciso ter foco em questões comerciais ou qualitativas. O continente americano tem negociado dentro do seu território, assim como o asiático, então o Brasil compete com os Estados Unidos e os demais concorrentes do Mercosul, Uruguai, Paraguai e Argentina, principalmente, para destinos na América do Sul e América Central. “Cada vez mais o mercado internacional vai ser direcionado para intrablocos”, ressaltou.