O discurso do presidente Jair Bolsonaro na Cúpula do Clima repercutiu imediatamente no Congresso Nacional, nesta quinta-feira. O encontro de 40 líderes mundiais encabeçado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discute o futuro do meio ambiente.
A senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, disse em comunicado que “a intervenção brasileira foi positiva, na linha equilibrada do atual comando do Itamaraty, sem exigências inoportunas de contrapartidas financeiras, que poderiam ser vistas como um “tomalá-dá-cá”. Cumpre ressaltar, conforme foi feito, a necessidade de relações maduras e justas na comunidade internacional, com maior ênfase nas iniciativas de cooperação para o desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento dos mecanismos de remuneração de serviços ambientais”.
Para Kátia, “as metas de redução de emissões e de eliminação do desmatamento ilegal não são um ônus para o País, mas sim proteção aos brasileiros e brasileiras, ao nosso planeta e a todos os seres humanos. Tanto que devemos ser ainda mais ousados. Podemos antecipar a meta brasileira para eliminação do desmatamento ilegal e avançar mais rapidamente, até 2025, com a redução de nossas emissões. Já demonstramos no passado que temos condições de avançar nessa direção”.
Kátia Abreu também antecipa que vai propor um projeto de lei para antecipar para 2025 a meta de eliminação do desmatamento ilegal. Dessa maneira, estima, “aumentaremos as vantagens competitivas do Brasil no mercado internacional”. Segundo a senadora, eliminar o desmatamento ilegal, cumprir o Código Florestal e cuidar da Floresta Amazônica “são elementos indispensáveis para fortalecer a reputação do agronegócio sustentável brasileiro, para destravar importantes negociações econômicas internacionais e para abrir novos mercados para nossas exportações”.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Aécio Neves, afirmou ao blog de Christina Lemos, do portal R7, que houve uma mudança de tom do presidente, especialmente sobre o fim do desmatamento ilegal e da redução das emissões de gases nocivos ao meio ambiente.
“A participação do presidente Bolsonaro na Cúpula do Clima foi positiva, especialmente pela mudança no tom a respeito das preocupações mundiais com as mudanças climáticas e o desmatamento. Creio que o governo brasileiro entendeu a importância que tem a agenda do clima para a atração de investimentos e a abertura de mercado para os nossos produtos”, disse.
Aécio, porém, destacou que “essa nova postura precisa vir acompanhada de ações concretas e de um maior envolvimento e liderança nas negociações multilaterais ambientais”.
O primeiro vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), disse que a fala de Bolsonaro é uma mistura de ousadia e contradição. “Os compromissos firmados no discurso do presidente Bolsonaro na Cúpula do Clima são tão ousados quanto contraditórios como o que foi executado na política ambiental do país até aqui”, afirmou.