O Rio Grande do Sul detectou o primeiro caso de reinfecção pelas variantes P.1 (encontrada inicialmente em Manaus) e P.2 (encontrada no Rio de Janeiro) do SARS-CoV-2, vírus causador da Covid-19. Além disso, a análise sugere que a primeira infecção em solo gaúcho pela variante P.1 se deu antes do que se pensava anteriormente. O estudo foi realizado pelo laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, integrante da Rede Corona-ômica BR-MCTI.
Os genomas sequenciados foram obtidos de um paciente residente na cidade de Campo Bom. A primeira amostra, a qual foi identificada com a variante P.1, foi coletada em 30 de novembro do ano passado, cerca de dois meses antes da disseminação desta cepa de forma intensa no Estado, no final de janeiro. Não foi possível determinar a fonte exata de transmissão desta variante ao paciente analisado pois, até onde foi possível investigar, este manteve contato com múltiplos outros indivíduos infectados nos dias anteriores à coleta do material. Estudos adicionais foram feitos na tentativa de detectar a P.1 em outras amostras no mesmo período e região do paciente, mas verificou-se que aquele foi um caso isolado, no entanto.
A segunda amostra foi coletada em meados de março e apontou reinfecção do paciente, agora com a variante P.2, identificada primeiramente no estado do Rio de Janeiro. De acordo com o coordenador da Rede Corona-ômica BR-MCTI e professor do mestrado em Virologia da Universidade Feevale, Fernando Spilki, esse caso precoce de P.1 não deve ter sido o causador da sua disseminação no Estado. Conforme investigações complementares feitas pelo grupo de pesquisa, “A P.1 só veio a se alastrar, mesmo, de final de janeiro em diante, ou seja, fatores sociais como veraneio, carnaval, entre outros, devem ter influenciado esse quadro”, explica. O pesquisador reforça o achado da reinfecção pela variante P.2, no entanto.
Por ser a primeira reinfecção detectada por estas duas variantes no mundo, o que chama atenção é de que são duas variantes com algumas mutações similares na proteína Spike, o principal alvo dos anticorpos formados contra o SARS-CoV-2”, completa Spilki.
A Rede Corona-ômica BR-MCTI é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para monitorar a variação genética do SARS-CoV-2 no território nacional.
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