Jovens voluntários saudáveis serão deliberadamente expostos uma segunda vez ao coronavírus como parte de um estudo britânico para determinar como o sistema imunológico de uma pessoa que se recuperou da Covid-19 reage, anunciou a Universidade de Oxford nesta segunda-feira.
O estudo, que deve começar este mês, vai expor novamente pessoas com entre 18 e 30 anos que foram infectadas naturalmente com o coronavírus.
O experimento vai usar a cepa original que apareceu na China no fim de 2019, mas também está sendo considerada a possibilidade de incluir uma das novas variantes.
O objetivo é determinar qual dose do vírus é necessária para reinfectar uma pessoa e ver como o sistema imunológico responde.
Estudos nos quais os pacientes se expõem voluntariamente a um vírus podem revelar dados que “outros não podem”, por serem rigidamente controlados, segundo explicou a professora de vacinologia Helen McShane, que está liderando a pesquisa.
“Quando infectarmos esses participantes novamente, saberemos exatamente como seu sistema imunológico reagiu à primeira infecção por Covid, exatamente quando a segunda infecção ocorreu e exatamente quanto em vírus eles receberam”, acrescentou.
De acordo com a professora de Oxford, “as informações obtidas neste trabalho ajudarão a desenhar melhores vacinas e tratamentos, mas também a entender se as pessoas estão protegidas após a Covid e por quanto tempo”.
Na primeira fase do estudo, participarão 64 pessoas. A saúde desses voluntários — que receberão cerca de 5.000 libras (R$ 38,7 mil na cotação atual)— vai ser monitorada cuidadosamente por uma equipe de pesquisadores.
Um tratamento à base de anticorpos monoclonais, desenvolvidos pelo laboratório norte-americano Regeneron, vai ser adotado caso desenvolvam sintomas de Covid.
Após serem expostos ao vírus, eles serão colocados em quarentena por 17 dias e tratados em um hospital até que não representem mais risco de contágio.
O estudo vai ter duração de 12 meses e incluir oito consultas de acompanhamento após a alta hospitalar.
Os programas de exposição voluntária a vírus vêm desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento de tratamentos para doenças como malária, tuberculose, febre tifoide, cólera e gripe.