Entidades reagem a novas restrições ao comércio

Medidas foram anunciadas pelo governador Eduardo Leite como tentativa de conter a pandemia de Covid-19

Foto: Alina Souza/CP

As novas restrições de atividades econômicas vigentes para municípios com a bandeira vermelha no Rio Grande do Sul provocaram manifestações de entidades representativas do setor. Com relação às medidas direcionadas a bares e restaurantes, tanto sobre o funcionamento dos estabelecimentos quanto àquelas direcionadas especificamente aos modelos de telentrega e pague e leve, a Associação de Bares e Restaurantes do Rio Grande do Sul (Abrasel no RS) destacou que “o setor de alimentação fora do lar está preocupado com a definição do Governo do Rio Grande do Sul de redução no horário de funcionamento”.

A entidade inclusive encaminhou um ofício ao governador Eduardo Leite solicitando que não sejam restringidas as atividades da categoria. O documento aponta as eleições como um potencializador do crescimento de novos casos e argumenta que regredir em relação às flexibilizações “é ineficiente na contenção da doença”. Com as novas determinações que entraram em vigor nesta terça-feira, os estabelecimentos podem operar até às 22h com atendimento no local e até às 23h nos sistemas telentrega e pague e leve, mas não há limitação de dias.

“Restringir o funcionamento dos negócios agora é um retrocesso absurdo”, defende Maria Fernanda Tartoni, presidente da Abrasel no RS. A entidade estima que as determinações podem reduzir mais da metade do faturamento de quem opera em dois turnos, além de 19% de seus associados que abrem apenas à noite. “Para muitos estabelecimentos, as vendas de jantares são melhores do que as de almoços. Ao diminuir e limitar horários, as empresas são empurradas cada vez mais para o vermelho e representa um risco de falência aos empreendedores”, reitera a presidente.

Além disso ela assinala que considera “injustas as restrições focadas em uma categoria que segue todas as orientações de saúde previstas e, ainda assim, é prejudicada com as decisões”. “Estamos cumprindo todos os protocolos. É fundamental ter mais fiscalização e orientar quem não está respeitando as medidas. Precisamos de órgãos que atuem ativamente neste processo ao invés de apenas fecharmos as portas”, reitera.

Os reflexos do cenário são identificados na pesquisa da Abrasel no RS que revela que dois terços dos bares e restaurantes gaúchos fecharam o mês de setembro no vermelho. Os dados apontam que 68% das empresas tiveram um faturamento menor em relação ao mesmo período em 2019.

Sobre as determinações para o comércio, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA), Irio Piva, informa que o setor está “no limbo” aguardando pela manifestação da Prefeitura da Capital. “Tivemos uma piora e uma melhora, porém a Prefeitura não se manifestou, estamos esperando”, destaca. Segundo ele, as entidades representativas do segmento estão lançando uma campanha com foco na conscientização da população sobre os cuidados com a disseminação da Covid-19.

“É um péssimo momento para restrição, estamos chegando às vésperas do Natal, dezembro é o nosso mês mais importante de vendas, mas não podemos negar que a pandemia está aí e os números pioraram bastante. Estamos precisando da colaboração das pessoas, por isso estamos lançando essa ação pedindo que evitem aglomerações porque não podemos ter um retrocesso”, declara. Sobre a redução de horário de funcionamento das lojas, que conforme as mudanças encaminhadas pelo governo do Estado só podem operar até 20h, Piva diz que será preciso fazer ajustes.

“Hoje as lojas em shoppings, por exemplo, funcionam das 12h até 22h. Se for preciso fechar 20h, vamos pedir que a abertura possa ocorrer às 10h. Isso ajuda a evitar aglomerações, estamos entrando em um período que tende a ter movimento maior em função das compras de Natal”, pontua. Portanto, segundo Piva, “não perder” essas 2h de funcionamento é importante nesse momento. “Podemos fazer uma compensação nesse sentido”, afirma.

O presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse, informa que a entidade lamenta profundamente as restrições. “Aumentou a contaminação e nós lojistas estamos sendo penalizados mais uma vez, parece que só nós somos os culpados e estamos sofrendo novamente essa punição. É injustificável na melhor data do ano e isso vai fazer com que tenhamos um Natal diferente dos outros anos, prejudicando ainda mais os lojistas, fazendo com que muitos venham a fechar seus negócios em janeiro, é lamentável”, define.

Conforme Kruse, o Sindilojas Porto Alegre entende que o governo do Estado deveria procurar “outras formas de manter o distanciamento social e não penalizando novamente aqueles que trabalham, seguem os protocolos e precisam manter os seus negócios”

Serviços domésticos proibidos
Já havia previsão para a proibição de serviços domésticos para municípios que estão na bandeira vermelha do Distanciamento Controlado do Estado. A medida foi novamente reforçada pelo governo. Conforme o decreto, se enquadram nessa categoria faxineiros, cozinheiros, motoristas, babás, jardineiros e similares. Nenhuma dessas atividades pode funcionar enquanto o município estiver em bandeira vermelha.

A restrição se aplica a motoristas particulares, profissionais da limpeza de domicílio, somente aos profissionais que prestam serviços em ambientes domésticos e não àqueles funcionários vinculados a essas atividades em ambientes corporativos. Mesmo que não haja uma fiscalização nas residências pela sua inviabilidade, o governo alerta que o descumprimento de decretos pode ser considerado crime e faz um apelo para que a população siga todos os protocolos.