O candidato à Prefeitura de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), cancelou as agendas previstas para esta sexta-feira, em manifestação de luto pelo assassinato de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, em um hipermercado da zona Norte. “Achei esse episódio muito triste para a nossa cidade”, disse. Ganhador do primeiro turno, com 200.280 votos, Melo concedeu entrevista ao Esfera Pública nesta sexta-feira. A candidata Manuela D’Ávila (PCdoB), que conquistou 187.262 votos (29%), concede entrevista à Rádio Guaíba na próxima quarta-feira.
Melo comentou o alto índice de abstenção no pleito de 15 de novembro, que chegou a 33,08%, o equivalente a 358.217 eleitores. “A esperança é que, com os programas de televisão e de rádio, a gente desperte mais interesse pela eleição”, projetou. Ele ainda completou, dizendo que no Brasil há uma tendência de os eleitores votarem em pessoas e não em partidos e coligações.
“Um prefeito não pode governar com ideologia. O buraco não tem ideologia. A falta de creche não se resolve com ideologia. Se eu for prefeito, lá pelo dia 2 ou 3, vou pedir audiência com o governador para tratar sobre segurança pública, sobre o cais Mauá. Nossa candidatura dialoga com as pautas do governo federal”, afirmou.
Sobre o apoio de Juliana Brizola (PDT) a Manuela D’Ávila no segundo turno, o candidato declarou respeitar a decisão do partido. A deputada compunha a chapa de Melo, como vice, nas eleições de 2016, vencidas pelo atual prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB).
Retorno de atividades e a pandemia
O candidato disse que, se eleito, vai reunir entidades para constituir um grupo que avalie possíveis ações de reabertura de setores da economia em meio à pandemia de coronavírus. “Vamos constituir um comitê da ciência econômica e da ciência da saúde. Não posso revogar todos os decretos sem nenhum critério. Vamos constituir um comitê de muita eficiência, que pode revisar protocolos. Mas com equilíbrio. A cidade pagou muito caro com esse abre e fecha”, disse Melo.
Ele também declarou que pretende trabalhar para garantir a vacina contra a Covid-19 e realizar mutirões de cirurgias e atendimentos represados em função da pandemia. Ainda sobre a questão, o deputado estadual projetou estabelecer diálogo nas escolas, a fim de definir estratégias de cumprimento do calendário letivo de 2020.
IPTU
Melo também defendeu o cancelamento do aumento do IPTU para os próximos anos, o que representa, segundo ele, “cerca de R$ 160 milhões a mais na planta de valores”. “O que estamos deixando de cobrar são os próximos quatro aumentos. Lá em 2025, a lei também estabeleceu que a cidade tem que fazer uma nova revisão. Para o bem da economia, se for prefeito, esta decisão está tomada”, disse Melo.
Transporte público
Ao citar isenções, crescimento de usuários de transporte por aplicativos e perdas de passageiros, o candidato Melo disse que planeja revisar o modelo de coletivos na cidade. “Vamos ter que botar ônibus menores em horários sem tantos passageiros, penso em sentar com operadores das lotações, que também estão quebrados. Acho que tem que haver muitas conversa, mas não tem uma saída única”, defendeu.
Ele também aposta na sensibilização do governo federal por parte dos prefeitos da região Metropolitana. “Fazer com que o presidente da República e o Congresso Nacional criem um fundo nacional de mobilidade urbana. A segundo alternativa é tirar todos os impostos federais que incidem sobre a cadeia do transporte coletivo”, disse Melo.