Vídeo da audiência de Mari Ferrer revela ações de juiz e advogado

Solicitada pelo MP-SC, gravação da sessão virtual na Justiça mostra interferências do juiz Rudson Marcos em ataques feitos pela defesa do réu

Influenciadora digital Mariana Ferrer, que inspirou criação da lei. Foto: Reprodução/Record TV

A audiência judicial da promotora de eventos Mariana Ferrer teve as imagens divulgadas na íntegra, nesta quinta-feira, após um pedido de quebra de sigilo feito pelo Ministério Público. A forma como o juiz Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, conduziu a sessão está sendo questionada.

Mariana Ferrer acusou o empresário André Camargo Aranha de estupro, crime supostamente ocorrido em um beach club de luxo na praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, em 15 de dezembro de 2018. A justiça inocentou o réu em primeira instância.

No vídeo, com três horas de duração, o magistrado interrompe o advogado do réu, Cláudio Gastão da Rosa Filho, por pelo menos três vezes. Em uma dessas interrupções, o juiz ameaça suspender o ato em caso de prosseguimento dos ataques à jovem. No entanto, a interferência não impede o advogado de mostrar fotos de trabalho de Mariana como modelo.

A gravação vai ser analisada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que abriu um procedimento disciplinar para apurar a conduta do juiz durante a audiência. A postura do promotor Thiago Carriço de Oliveira também vai ser investigada pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

O advogado da influenciadora, Júlio César da Fonseca, afirmou que a atitude do magistrado, insuficiente, permitiu a humilhação da vítima. “Primeiro ele usou a expressão ‘vamos manter o nível’. E depois ‘você quer um copo de água?’. Isso não é uma postura de uma audiência onde a vítima está sendo massacrada. Você precisa ser mais incisivo”, frisou.

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) informou que a corregedoria abriu um procedimento de apuração do caso, após receber um ofício da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, vinculada ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Outro lado
O advogado Cláudio Gastão afirmou que repudia qualquer forma de agressão ou violência contra a mulher. Disse que atuou dentro dos limites legais e profissionais durante o julgamento e que jamais teve a intenção de ofender ou agredir quem quer que seja.