Os desafios para a viabilidade e aprimoramento do sistema de transporte coletivo da região Metropolitana de Porto Alegre foram os temas centrais de um encontro on-line promovido pela Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs), na manhã desta quinta-feira. Um dos convidados a debater, o secretário extraordinário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Rodrigo Mata Tortoriello, disse que o prefeito Nelson Marchezan Jr. trabalha para que o pacote “Transporte Cidadão” volte à Câmara o quanto antes. Após as conturbadas tentativas de aprovação no início do ano, sem sucesso, o Paço Municipal alterou as proposições em busca de apoio dos parlamentares. De acordo com Tortoriello, a revisão dos projetos termina em uma semana. Um deles, bastante controverso, que previa cobrança de uma taxa em Porto Alegre, passa a ser restrito, agora, ao acesso ao Centro da cidade.
Entretanto, por várias vezes o debate suscitou a necessidade de financiamento do transporte coletivo. “O transporte coletivo se tornou um direito do cidadão desde 2015. Estamos enfrentando uma série de problemas que tornou o transporte coletivo deficitário, causado por causa do transporte de app e muita venda de motos”, afirmou o coordenador da Comissão de Transportes da Sergs e vice-presidente do Conselho Deliberativo da entidade, João Fortini Albano, que espera uma redução ainda maior na demanda com as pessoas fazendo atividades de forma cada vez mais remota e conectada.
Diante disso, o secretário Tortoriello frisou a necessidade de subsídios, mas também exigiu que as empresas sejam mais transparentes e forneçam meios modernos para pagamento das tarifas, além de fazer uma integração de linhas mais eficaz. “A proposta do pedágio para a área central vai ser apresentada daqui a alguns dias, com toda arrecadação destinada a reduzir a tarifa do transporte público de Porto Alegre. Mas nosso grande desafio vai ser falar para os não convertidos”, disse, ao se referir aos vereadores.
O evento debateu as variáveis que comprometem o setor do transporte coletivo. A integração tarifária e a facilidade de uso e intermodalidade – quando se consegue usar meios de transporte diferentes para percorrer um único trajeto – foram alvo do debate que teve, entre outros participantes, o presidente da Trensurb, Pedro Bisch Neto, e o engenheiro de Transportes da Associação de Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), Antônio Augusto Lovatto.
Também participante do encontro, o presidente da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan), Francisco Hörbe, demonstrou como a falta de integração entre a gestão das linhas metropolitanas e municipais ajuda a afundar ainda mais a situação das empresas de Porto Alegre. De acordou com Hörbe, a racionalização pode chegar a 30% se as linhas metropolitanas forem consideradas opção de transporte para os porto-alegrenses. “Integração é uma utopia, muito difícil. Mas neste cenário nunca esteve tão propício fazer um sistema único de gestão dos transporte”, lembrou.