Mandetta acha que é cedo para volta do futebol no Brasil

Ex-ministro da Saúde citou que momento é de crescimento da curva de contágio da Covid-19

Foto: Isac Nóbrega/PR

Com autoridade para falar sobre saúde, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta disse hoje acreditar que ainda é cedo para a retomada das competições de futebol no Brasil, paralisadas desde o início de março por conta da pandemia do novo coronavírus. Para ele, o momento é de crescimento da curva de contágio da Covid-19 no País. O ex-ministro ainda cita diferenças entre Alemanha e Itália nesse quesito.

“Quando você quer acelerar a volta, um debate que eu tive com vários empresários, você corre o risco de acelerar, em nome da atividade econômica ou do esporte. Esses argumentos são muito fortes, aí a pessoa cai na tentação de acelerar. Essa aceleração pode levar a um quadro de transmissão desordenada, que leva a cidade ao que se chama de ‘lockdown’. Não gosto de palavras inglesas, eu chamo de quarentena”, disse Mandetta em entrevista à ESPN Brasil, compiladas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

“Muita gente está achando que quarentena é aquilo que nós experimentamos nos meses passados e não: nós só fizemos a recomendação (do distanciamento social) pelo bom senso, orientação. Mas não paramos ninguém. Quando você determina quarentena ou ‘lockdown’, aí é uma coisa muito mais dura. É ficar em casa, sair no máximo para 50 metros sob pena de multa ou prisão”, explicou o ex-ministro.

Mandetta chegou a comparar a situação do futebol brasileiro com a da Alemanha, que retoma o Campeonato Alemão no próximo dia 16. Para ele, o Brasil ainda está muito longe de chegar ao mesmo patamar do país europeu.

“Tenho acompanhado a discussão na Alemanha sobre a volta da Bundesliga (Campeonato Alemão). Eles vão fazer um protocolo muito rígido, tenho pedido qual é o protocolo que vão adotar. A Alemanha é um dos poucos países que tinham capacidade instalada porque trabalha nos hospitais com redundância: tudo o que está ativo também existe no depósito do hospital em dobro. Quando teve necessidade, expandiu a rede muito rápido”, salientou.

Mandetta ainda lembrou que a região da Lombardia, a mais afetada da Itália pela Covid-19, discute agora a parcela de culpa do futebol sobre o crescimento da epidemia. “A região da Lombardia colocou os jogos de futebol como um dos prováveis vilões da proliferação”, afirmou. Um duelo da Liga dos Campeões entre Atalanta e Valencia, no início de fevereiro, com mais de 40 mil pessoas no estádio San Siro, em Milão, é um dos exemplos.