O governo iraniano admitiu, na madrugada deste sábado, a responsabilidade por derrubar o avião da Ukraine International Airlines (UIA), na última quarta-feira, nas proximidades de Teerã. Em uma nota divulgada pela agência de notícias governamental Isna, as Forças Armadas reconhecem que o sistema de defesa antimísseis derrubou a aeronave. “O avião foi acidentalmente atingido por um erro humano, que infelizmente resultou no martírio de queridos compatriotas e na morte de vários estrangeiros”, lê-se no texto. Todos os 176 passageiros morreram.
As autoridades expressaram condolências “às famílias enlutadas de estrangeiros e, se desculpando pelo erro humano, dá total garantia de que a busca de reformas fundamentais nos processos operacionais das Forças Armadas” vai continuar. O comunicado garante que, no dia da tragédia, o sistema de defesa operou no mais alto nível. “Nessas condições críticas, o voo partiu do Aeroporto Imam Khomeini e, em rotação, se aproximou de um centro militar sensível do IRGC, com a altura e a forma de uma aeronave hostil”, explica o governo, que anteriormente negou responsabilidade pelo acidente.
Horas antes, o Exército dos Guardiões da Revolução Islâmica (ICGR) havia realizado ataques a duas bases americanas no Iraque. “Depois dos ataques com mísseis, os aviões de guerra das forças terroristas dos Estados Unidos em todo o país aumentaram, e alguns relatos de ataques aéreos contra centros estratégicos no país foram reportados a várias unidades de defesa e alvos em algumas placas de radar. Isso causou mais sensibilidade nas unidades de defesa aérea”, cita a nota.
O brigadeiro-general Amirali Hajizadeh, comandante do ramo aeroespacial da Guarda Revolucionária iraniana, que assumiu a responsabilidade pela tragédia, disse que o operador de mísseis que abateu o avião disparou sem uma ordem formal devido a um bloqueio das telecomunicações.
O soldado encarregado das operações, segundo o militar, confundiu o avião de passageiros com um “míssil de cruzeiro” e teve “10 segundos” para decidir o disparo. “Foi um míssil de curto alcance que explodiu próximo ao avião. É a razão pela qual o avião continuou voando e explodiu quando tocou o chão”, detalhou o brigadeiro-general.
Presidente iraniano fala em erro imperdoável
Pelo Twitter, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, considerou que a operação se tratou de um “erro imperdoável” e escreveu que “a República Islâmica do Irã lamenta profundamente esse erro desastroso” e que seus “pensamentos e orações vão para todas as famílias de luto”. “A investigação interna das Forças Armadas concluiu que, infelizmente, mísseis disparados devido a erro humano causaram o terrível acidente do avião ucraniano e a morte de 176 pessoas inocentes”.