Número de passageiros de ônibus cai 18,3% no RS desde 2015

Em Porto Alegre, queda representa cerca de 3 milhões de passageiros a menos no transporte público

Imagem: Arquivo/CP

Nos últimos quatro anos, o número de usuários do transporte coletivo urbano do Rio Grande do Sul caiu o equivalente a 18,3%. Somente em Porto Alegre, a queda chegou a 17,8%, o que representa 3.058.172 passagens de ônibus a menos. Em municípios da região Metropolitana (RMPA), como Viamão e Gravataí, a redução chegou a 46% e 36,8%, respectivamente.

Os dados aparecem em um estudo divulgado pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE-RS), que realizou um diagnóstico do sistema em municípios gaúchos. A última pesquisa nos mesmos moldes havia sido produzida no ano de 2015.

No Interior, as maiores perdas foram nos municípios de Campo Bom e Vacaria, que, respectivamente, tiveram redução de 42% e 39,6%, desde então. Em Caxias do Sul, a diminuição do número de usuários também chamou atenção: 25,4%. Na RMPA, além de Viamão e Gravataí, Guaíba apresentou queda de 33,2%, seguida de São Leopoldo (26%) e Alvorada (21,6%). Em outras cidades, as alterações no período foram menos significativas, como em Pelotas, com redução de 0,47%, e Canoas, de 3,41%.

“Essas reduções expressivas decorrem de alguns fatores bem localizados”, explica o auditor Aírton Rehbein, que coordenou o estudo. De acordo com ele, o primeiro deles é o advento dos transportes de aplicativos, que vem a se somar à crise econômica que atinge o Brasil nos últimos anos. Com o elevado nível de desemprego, por exemplo, muitos passageiros que recebiam vale-transporte deixaram o sistema. O auditor cita ainda o surgimento de veículos alternativos como patinetes e bicicletas por compartilhamento, além do aumento da quilometragem de ciclovias nas cidades como fatores que influenciaram a redução. “É uma perda que não é só localizada no Estado, é nível Brasil.”

Ele cita, no entanto, que Porto Alegre teve queda menos significativa que a dos municípios do Interior e até de outras capitais brasileiras em função da territorialidade. Isso porque a maioria dos usuários que precisa do transporte coletivo mora mais distante da região central da cidade, fazendo com que, em função do preço, eles não consigam substituir o ônibus pelo transporte por aplicativos, como ocorre com quem vive em bairros mais próximos do Centro.

Porto Alegre registra, também, um maior indicador de aproveitamento do transporte coletivo, que representa a relação de passageiros equivalentes com a população de cada município. No estudo do TCE, a Capital ficou com um índice de 9,6 enquanto três grandes municípios da região Metropolitana – Viamão, Alvorada e Gravataí – ficaram com 1,1, 1,6 e 1,3, respectivamente. Conforme o diagnóstico, o indicador é impactado pelas características de cidades dormitórios em relação a Porto Alegre com uso intensivo de transporte metropolitano.

A edição 2019 do Diagnóstico do Transporte Coletivo Urbano por Ônibus no Estado do Rio Grande do Sul levou em conta 88 municípios com população de mais de 25 mil habitantes, sendo que nove deles declararam não disponibilizar o transporte.

Reajustes

O TCE-RS verificou que a tarifa varia significativamente, de R$ 2 a R$ 4,80. Enquanto em Porto Alegre o valor é de R$ 4,70, os municípios de Viamão e Gravataí, que tiveram as maiores quedas no número de passageiros nos últimos quatro anos, mantêm a tarifa mais elevada. Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, Erechim, na região do Alto Uruguai, registra o menor valor: R$ 3,40.

O estudo observa que a tarifa média acompanha o crescimento das faixas de população. Para municípios com mais de 100 mil habitantes, a média fica em R$ 4,12. Nos locais entre 50 mil e 100 mil habitantes, o custo é de R$ 3,54. para as cidades com faixa populacional entre 25 mil e 50 mil habitantes, a média é de R$ 3,21.

No período de quatro anos, os reajustes foram mais significativos em Canoas, Uruguaiana e Gravataí – respectivamente 76,92%, 75%, e 74,55% –, enquanto Pelotas teve o menor reajuste: 34,55%. Entre os menores, o levantamento cita os reajustes de Rio Grande, Bento Gonçalves, Porto Alegre e Novo Hamburgo, com 40%, 41,82%, 44,62% e 45,28%. Todos eles ficaram abaixo da média estadual, que é de 55,43%.

O coordenador da pesquisa cita a Capital como destaque porque, enquanto municípios com população acima de 100 mil habitantes tiveram aumento médio de 56,7%, Porto Alegre especificamente teve acréscimo de 44,6%. “Entendemos como resultado positivo, observamos que conseguiram fazer um controle bastante forte na tarifa”, comenta Rehbein. O auditor cita fatores decisivos como as reduções de gratuidade de 32% para 30,7% e as alterações na segunda passagem.