Só 1/4 das cidades gaúchas com mais de 25 mil habitantes cobra de empresas de ônibus parâmetros de qualidade

Estudo do TCE mostrou, ainda, que reajuste nas passagens de Porto Alegre ficou abaixo da média registrada entre os maiores municípios do RS

Foto: Mauro Schaefer / CP Memória

Só uma entre cada quatro cidades gaúchas com 25 mil habitantes, das dispõem de transporte urbano coletivo de ônibus, cobra parâmetros de qualidade das prestadoras do serviço. É o que mostra o Diagnóstico do Transporte Coletivo Urbano por ônibus no Rio Grande do Sul, apresentado hoje pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) a fim de justificar auditorias nos contratos, até a metade do ano que vem.

Dos 88 municípios que responderam aos questionários do Tribunal, 79 declararam dispor de um sistema próprio de transporte. Desses, 95% (75) informaram que o serviço é delegado para o setor privado. Em 54 deles (68%), os contratos se basearam em licitações. Em 12, os contratos não decorreram de concorrência pública, e em 13 existem ônibus circulando, mas não há contrato.

Quanto à qualidade do serviço prestado, o TCE apurou que somente 20 dos 79 municípios que possuem transporte coletivo estabelecem em contrato os parâmetros a serem cumpridos pelas empresas do setor.

Acessibilidade

As frotas de ônibus de Alvorada, Cachoeirinha, Carazinho, Esteio, Gravataí, Guaíba, Santa Cruz do Sul, Cruz Alta e São Leopoldo são 100% acessíveis para pessoas portadores de deficiência. Caxias do Sul registra índice de 96%, seguida de Canoas, com 93%, Santa Rosa, de 90%, e Pelotas, de 89%.

Bilhetagem e ar condicionado

Só 54% dos municípios com frota própria possuem o controle de passageiros automatizado (bilhetagem eletrônica). Com relação ao ar condicionado, o destaque é Esteio, com 100% dos veículos com o dispositivo, seguido de Erechim, com 70%, e Santa Cruz do Sul, com 66%.

Tarifa

No quesito tarifa, foram avaliados aspectos como taxa populacional, subsídios, frota, volume de passageiros e custos fixos e variáveis.

Nos maiores municípios, com mais de 100 mil habitantes, o menor valor de tarifa, R$ 3,40, é o de Erechim. Os maiores valores (R$ 4,80) foram constatados em Viamão e Gravataí. Entre 50 e 100 mil habitantes, a tarifa em Carazinho é de R$ 2,85, enquanto, em Guaíba, de R$ 4,50. Já nas cidades com população entre 25 e 50 mil habitantes, a variação da tarifa é de R$ 2, em Carlos Barbosa, a R$ 4,25, em Gramado.

O aumento da tarifa em Porto Alegre ficou abaixo da média registrada para os ,municípios com população acima de 100 mil habitantes. Na Capital, o preço da passagem cresceu 44,6%, de 2015 a 2019, ficando abaixo da média de 56,7% de reajuste, apuradas em cidades desse mesmo grupo.

Subsídio limitado

Os auditores do Tribunal avaliaram que a falta de subsídios para custear os valores das tarifas é uma das causas para o aumento. Dos 79 municípios que possuem serviço de transporte coletivo, apenas 16 declararam possuir algum tipo de subsídio, geralmente a isenção do Imposto Sobre Serviço (ISS).

Por fim, o estudo também revela que os usuários comprometem 15,89% do salário mínimo nacional com transporte público. Na cidade de Bagé, esse valor chega a 16,83%, e é menor em Santa Rosa, registrando um comprometimento de 14,76%.

Confira o estudo na íntegra aqui.