Em assembleia realizada na tarde desta quinta-feira, na Praça da Matriz, policiais e bombeiros militares anunciaram que farão operação-padrão, a partir de segunda-feira, e até que o governador Eduardo Leite retire da Assembleia Legislativa o pacote de reformas que altera planos de carreira e regras de aposentadoria do funcionalismo público. No mesmo ato, familiares de PMs e bombeiros aprovaram operações “fecha quartel”, a partir de terça.
As operações-padrão consistem em restringir as atividades àquelas em que seja possível prestar o serviço com rigor excessivo, o que torna o trabalho mais lento. No policiamento, uma das táticas consiste em apenas usar carros e coletes que estejam em perfeitas condições de uso. Já o aquartelamento, promovido pelos parentes dos militares, impede a saída de viaturas das bases.
Perto das 16h30min, os servidores iniciaram reunião com o presidente da Assembleia Legislativa, Luís Augusto Lara (PTB), a fim de comunicar as decisões. Ontem, Lara revelou à imprensa que defende, neste momento, a retirada do pedido de urgência para a tramitação do pacote. Hoje, ele reiterou esse entendimento. O deputado disse acreditar que, em caso contrário, o pacote tende a ser rejeitado.
Protesto reuniu milhares
No início da tarde, seis entidades de servidores da BM e do Corpo de Bombeiros reuniram milhares de manifestantes, em protesto contra os textos do governo. Munidos de apitos, faixas e cornetas, os servidores tomaram as ruas do Centro de Porto Alegre. Os manifestantes saíram de concentração na Praça Brigadeiro Sampaio e fizeram uma caminhada até a Matriz, em frente à Assembleia Legislativa.
Caravanas vindas de cidades do interior engrossaram o ato, convocado pelo Fórum de Entidades de Classe dos Militares Estaduais, que reúne Asofbm, Asstbm, Abamf, Abergs, Aofergs e Aesppom. Os organizadores dizem que todos os municípios gaúchos enviaram representantes.
Assim como as manifestações do magistério, cuja parte dos profissionais está em greve desde 18 de novembro, os militares também dirigem recados aos deputados, apostando que a eleição de 2020 deve influenciar para que votem contra o pacote.
Em Bento Gonçalves, Leite não cita militares
Em Bento Gonçalves, onde acompanha a Cúpula do Mercosul, o governador Eduardo Leite evitou comentar o protesto de militares. Esse é o segundo protesto, em menos de um mês, em que o governador não se encontra no Palácio Piratini. Na manifestação, os professores tentaram invadir o prédio.
Leite focou na questão dos servidores da educação. De acordo com ele, “boa parte dos manifestantes” (do Magistério) não sabe com clareza porque protesta, nem que que vai ter aumento salarial caso o pacote seja aprovado.
O que disse a Secretaria da Segurança
Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual da Segurança (SSP) se manifestou através de nota, assinada pelo vice-governador e titular da Pasta, Ranolfo Vieira Júnior. Veja o texto, na íntegra:
“Entendemos que é legítima a manifestação dos servidores da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, que transcorreu dentro da mais absoluta normalidade, de maneira pacífica e ordeira. Acho prematuro qualquer comentário a respeito da possibilidade de um aquartelamento, uma vez que ainda não recebemos uma manifestação oficial sobre o assunto. Ainda na quarta-feira (04), realizei pela quarta vez uma reunião com as entidades representativas dos servidores da BM e do CBM para discutir as demandas da categoria. Seguimos apostando na agenda do diálogo com os servidores da Segurança Pública”.
*com informações do repórter Eduardo Amaral/CP