Uma reportagem publicada neste final de semana conferiu os maiores empregadores em cidades que podem ser extintas pela proposta do governo federal anunciada neste mês. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, em 56% dos municípios, há mais funcionários nas prefeituras do que nas empresas privadas. Das mais de 1,2 mil cidades brasileiras com risco de extinção, ao menos 228 ficam no Rio Grande do Sul. O estado lidera o ranking dos mais afetados do país.
O presidente da Confederação Nacional dos Municípios demonstrou preocupação com este cenário. De acordo com Glademir Aroldi, as cidades têm diferentes planos de carreira para funcionários públicos, como professores, médicos e técnicos. A incorporação de um município pequeno por outro maior iria colocar sistemas diferentes numa mesma conta. “Como é que se vai fechar esses cálculos? Como se vai integrar toda essa situação?”, questionou.
O ex-prefeito de Saldanha Marinho, na região do Alto Jacuí, citou o caso de Carazinho. O município de 62 mil habitantes poderia incorporar outras três cidades. No entanto, a arrecadação de impostos seria a mesma para sustentar o novo território, de maior área e população.
Questão fiscal
Glademir Aroldi reconheceu que parte da população vê com bons olhos a iniciativa de extinção de municípios, mas criticou a medida. “Estão vendendo esta ideia para a sociedade brasileira de que, extinguindo 1.252 municípios no Brasil, vão resolver o problema fiscal”, denunciou. “Isto não é verdade, estão vendendo uma ideia equivocada”, criticou.
O líder municipalista também pontuou que as cidades ficam com a menor parte da arrecadação de impostos no Brasil. “Não vão resolver problema fiscal, vão criar problema”, sustentou. “São os municípios que mais atendem a população”, completou Aroldi.
O presidente da CNM projetou aumentar a interlocução com o Congresso para barrar a proposta de extinção de municípios. A entidade tem agenda com senadores no início de dezembro para expor a situação das menores localidades.