O funcionalismo estadual reagiu às últimas medidas do governo sobre as finanças do Rio Grande do Sul. Um grupo de nove sindicatos divulgou uma carta contra os anúncios recentes do Palácio Piratini. Segundo as entidades, os servidores são humilhados pelas decisões do Executivo. Já são 45 meses de parcelamento de salários e 5 anos sem correção da inflação.
A presidente do Cpers, sindicato dos professores da rede estadual, é uma das líderes da frente. Helenir Schürer criticou a liberação R$ 55 milhões em emendas parlamentares na Assembleia, R$ 1 milhão para cada deputado estadual. A verba é prevista pelo orçamento de 2020, que prevê déficit nas contas do Rio Grande do Sul.
Helenir Schürer também lamentou o pagamento de honorários para procuradores do Estado. A classe recebe salários de R$ 20 mil a R$ 35 mil por mês. Com o benefício, os membros da PGE podem receber mais R$ 6,9 mil sobre o salário. “Quem tem muito, parece que sempre tem dinheiro para ganhar um pouco mais”, protestou a presidente do Cpers.
Ações do Banrisul
O grupo também se disse contrário à venda de ações do Banrisul. A operação foi cancelada na última semana. Apesar da possibilidade de destinar o dinheiro obtido na negociação dos papéis para o pagamento de salários, a medida era vista como pouco eficiente. “É paliativa”, afirmou Helenir Schürer. “Nós não vamos ajudar a enganar a nossa categoria, como, se vendendo as ações do Banrisul, ficasse resolvido o problema de caixa do governo”, completou.
A presidente do Cpers ainda criticou uma articulação liderada pelo presidente da Assembleia Legislativa neste mês. O deputado Luís Augusto Lara (PTB) havia convidado sindicatos para assinar um documento defendendo o uso do dinheiro da venda de ações do Banrisul na quitação da folha salarial do funcionalismo estadual. Helenir Schürer disse que o parlamentar só convidou alguns sindicatos para os debates e sem adiantar o tema do encontro. “Próximo convite, com tempo, com pauta e para todos”, provocou.
O grupo de nove sindicatos também protestou contra a política de isenções fiscais para empresas. Segundo as entidades, o governo gaúcho abriu mão de quase 10 bilhões de reais em impostos por ano. Subscrevem a carta, além do Cpers, a Adufrgs, a Afagro, o Semapi, o Sindicaixa, o Sindjus/RS, o Sindpers, o Sindsepe/RS e o Sinpro-RS.