O Banrisul comunicou, nesta quinta-feira, o cancelamento da venda das ações do banco. Em documento divulgado ao mercado financeiro, a instituição detalhou o procedimento. Segundo a nota, o “preço por ação apresentado não atendia ao interesse do Acionista Vendedor”, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul. O Banrisul afirma que manterá os seus acionistas e o mercado em geral informados sobre qualquer nova informação a respeito da venda de ações.
Na noite dessa quarta (18), o mercado financeiro havia sido informado do cancelamento. No entanto, o Banrisul não detalhara o futuro da operação. Duas possibilidades estavam na mesa: o cancelamento da operação (que veio a se confirmar nesta quinta) ou a venda dos papeis por um valor 20% abaixo do projetado inicialmente. Nesta quarta, as ações ordinárias (ON) do banco fecharam a R$ 23,94 (queda de 0,66) e as preferenciais classe B (PNB) a R$ 23,73 (alta de 7,96).
Operação polêmica
O procedimento era alvo de críticas de deputados estaduais e de acionistas, como o ex-presidente do Banrisul Mateus Bandeira. Contrários à oferta, argumentavam que a venda de ações do banco renderia pouco ao Estado. “Cada um resolve o seu problema durante o seu mandato olhando para o curto prazo, olhando para o seu capital político”, lamentou Bandeira em entrevista recente.
Na Assembleia, os deputados Fábio Ostermann (Novo) e Sebastião Melo (MDB) propuseram uma audiência pública para discutir o tema. No primeiro encontro, o Palácio Piratini e o Banrisul não enviaram nenhum representante ao legislativo. Na terça-feira, os parlamentares protocolaram um requerimento de convocação para que o secretário estadual da Fazenda, Marco Aurélio Cardoso, explicasse a operação. O presidente do Conselho de Administração do banco, Ademar Schardong, também foi convocado para justificar a venda de ações do Banrisul.
Destino da verba
Um dos possíveis destinos apontados para a verba oriunda da operação era a quitação da folha salarial do funcionalismo público. O presidente da Assembleia, Luís Augusto Lara, recebeu lideranças sindicais para articular a proposta. Lara havia pedido que as entidades que representam os servidores se unissem na cobrança em prol da quitação da folha. “O que nós estamos tentando agora é unificar uma linguagem”, afirmou o presidente da Assembleia na ocasião.
No início da semana, ao menos 17 sindicatos assinaram uma carta pedindo o pagamento dos salários do funcionalismo público estadual. Além de pedir o pagamento imediato dos salários, os servidores pediram a quitação do 13º do ano passado. Os 17 sindicatos também subscreveram a defesa do IPE público, a correção inflacionária dos salários. O grupo ainda disse ser contra a privatização do Banrisul.