PSDB garante Marchezan aberto ao diálogo, mas cobra fidelidade da bancada progressista

Lideranças do PP já defendem desembarque do governo tucano

Foto: Lucas Rivas/Rádio Guaíba

Após alas do PP terem classificado como “insustentável” a relação com a Prefeitura de Porto Alegre, defendendo, inclusive o desembarque do governo Nelson Marchezan Junior, o PSDB municipal rebateu as alegações de que o chefe do Executivo não esteja disposto a conversar. Conforme o presidente tucano em Porto Alegre, vereador Moisés Barboza, reuniões foram marcadas para aparar as arestas entre as partes, mas, por motivos distintos não saíram do papel.

Em nota, Moisés Barboza também sustenta que o descontentamento de alas do PP está atrelado à falta de fidelidade com o próprio governo. “O que realmente acontece é que enquanto estive exercendo a liderança do governo a própria bancada progressista raramente esteve unida nos projetos mais importantes, isso fez com que eles mesmos algumas vezes se afastassem das relações com o Paço e inclusive com o vice-prefeito, diversas vezes atingido pelo posicionamento da própria bancada. A única exceção foi sempre o vereador Nedel”, pondera.

Enquanto João Carlos Nedel (PP) é considerado um aliado de primeira hora, os demais integrantes da bancada – a presidente da Câmara, Mônica Leal, e os vereadores Cassiá Carpes e Ricardo Gomes – mantêm postura reiteradamente independente do governo. Os dois últimos, inclusive, votaram contra o projeto de reajuste do IPTU, aprovado no Parlamento, em abril. “O PP deveria ser mais do que base, deveria ser governo e se posicionar como governo”, elenca Barboza, no comunicado.

Em meio ao racha deflagrado, diversas exonerações de nomes ligados ao PP foram publicadas no Diário Oficial da Prefeitura, nessa sexta-feira. Atualmente, o partido ocupa apenas um cargo no primeiro escalão: a Secretaria de Relações Institucionais, que está sob o comando de Paim. Em breve, a representação do PP no secretariado deve ser nula, já que Christian Lemos, chefe de gabinete de Marchezan, vai suceder o vice-prefeito na Pasta. As baixas envolvem, também, cargos de segundo escalão.

Segundo lideranças progressistas, o partido tenta, sem sucesso, uma reunião com o prefeito desde janeiro, resposta. “Em primeiro lugar, o prefeito marcou nesta terça para conversar com a bancada e presidência do PP. Eles que alegaram não poderem ir por outros compromissos!”, rebateu Barboza.

Considerado essencial para viabilizar a candidatura de Marchezan durante a construção da aliança na campanha, o PP já lançou Gustavo Paim como pré-candidato a prefeito no ano que vem.

Veja, na íntegra, a nota do presidente municipal do PSDB, vereador Moisés Barboza:

Como presidente do PSDB quero rebater as palavras (não importa de quem sejam) sobre reunião do PP com o Prefeito.

Em primeiro lugar, o prefeito marcou nesta terça para conversar com a bancada e presidência do PP. Eles que alegaram não poderem ir por outros compromissos!

Em segundo lugar, o prefeito fala inúmeras vezes por semana e se mantém sempre aberto para falar com o Presidente do PP e seus vereadores (sempre foi assim), sem falar que ele trabalha junto com o Vice Prefeito todos os dias!

O que realmente acontece é que enquanto estive exercendo a liderança do governo a própria bancada progressista raramente esteve unida nos projetos mais importantes, isso fez com que eles mesmo algumas vezes se afastassem das relações com o Paço e inclusive com o Vice Prefeito (que diversas vezes foi atingido pelo posicionamento de sua própria bancada). A única exceção foi sempre o vereador Nedel.

O próprio PSDB (que é o partido do prefeito) perdeu espaços, após avaliação técnica e política recentemente. O governo sempre está a procura de novos quadros técnicos e políticos que possam ajudar o governo. Não vejo nenhum problema nisso e nem ficamos fazendo acusações injustas, por isso.

O PP deveria ser mais do que base, deveria ser governo e se posicionar como governo. Se teve algum problema de relação, é na relação interna.

Durante os debates mais importantes e difíceis de 2017/2018 (enquanto estive na liderança do governo), só 1 ou 2 vereadores progressistas nos apoiavam, na maioria das vezes. Mesmo assim semanalmente a bancada sempre foi convidada para as reuniões semanais com o prefeito.

Essa é a verdade, os argumentos de alguns progressistas é injusto com o prefeito e com o governo.

Alguns progressistas deveriam tirar primeiro a trave de seus olhos, depois procurar o argueiro nos olhos do próximo.