O ministro da Educação, Abraham Weintraub, comprometeu-se hoje a melhorar os resultados educacionais do Brasil com o orçamento atual. Ele negou ser “radical”, disse ter experiência em gestão e destacou estar aberto ao diálogo. Também mencionou conhecer universidades estrangeiras, inclusive na China.
“Com o que a gente gasta em relação ao PIB [Produto Interno Bruto], a gente tem que entregar mais”, afirmou Weintraub durante a cerimônia de posse, no Palácio do Planalto, na presença do presidente Jair Bolsonaro e do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Segundo Weintraub, como titular pretende “entregar o que foi prometido no plano de governo. Bem sucintamente, mais com o mesmo que a gente já gasta”. Ele se disse também aberto ao diálogo e enfatizou não ter filiação partidária.
Mudanças
O ministro também elogiou o antecessor, Ricardo Vélez Rodríguez, exonerado ontem (8). “Velez é muito inteligente, mas dadas as circunstâncias, a gente não está conseguindo entregar [os resultados] no ritmo esperado”, disse.
Weintraub comparou a equipe do governo a um time de futebol e disse que, às vezes, trocar é necessário. “Dificilmente vai ver um técnico não fazer uma ou outra modificação, não porque seja ruim ou seja bom, mas simplesmente porque naquele momento ele não está adequado para aquela função.”
O ministro reiterou que é de falar pouco, mas que fazia questão de dar tranquilidade neste momento.
Escolha
O presidente Jair Bolsonaro discursou na cerimônia de posse do ministro. Ele disse que a escolha de Weintraub levou em conta mais de dez “bons currículos” e que viu no indicado a maioria dos pré-requisitos necessários para o cargo. “Ele é aquele que não tinha deficiência ou era melhor em cada um desses itens [pré-requisitos para o cargo].”
Bolsonaro afirmou que Weintraub vai ter liberdade para escolher a equipe na pasta. Nos últimos meses, houve troca em mais de dez cargos do alto escalão do ministério e órgãos vinculados na gestão de Vélez.
O presidente ressaltou que acredita no “empenho, dedicação e patriotismo” do novo ministro e definiu o que espera de resultado na educação até o fim do mandato.
“No final do nosso mandato, se Deus quiser, em 2022, nós possamos ter uma garotada que não esteja ocupando os últimos lugares do Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Alunos] (…) Nós queremos que não mais 70% dessa garotada não saiba fazer regra de três simples, não saiba interpretar texto, não saiba perguntas básicas de ciências”.
Em um ranking de 70 países, o Brasil ocupa a 63ª posição em ciências; a 59ª posição em leitura e a 65ª posição em matemática, no Pisa.
“Queremos uma garotada que comece a não se interessar por política, como é atualmente dentro das escolas, mas comece a aprender coisas que possam levá-las ao espaço no futuro”, completou. O projeto Escola Sem Partido era uma das bandeiras de Bolsonaro na campanha eleitoral.
Perfil
Weintraub integrou a equipe de transição do governo do presidente Bolsonaro e ocupou o cargo de secretário executivo da Casa Civil, sob o comando de Onyx Lorenzoni.
O novo ministro é professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mestre em administração na área de finanças pela Faculdade Getúlio Vargas (FGV) e graduado em Ciências Econômicas pela Universidade de São Paulo (USP – 1994).
Atuou como economista-chefe e diretor do Banco Votorantim, e como sócio na Quest Investimentos.
Dados
Atualmente, o Brasil investe o equivalente a 5,5% do PIB, que é a soma dos bens e serviços produzidos no país, de acordo com dados de 2015 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), os últimos disponíveis. Considerando apenas os gastos públicos com educação pública, esse investimento é equivalente a 5% do PIB.
O investimento está no mesmo patamar de países com melhores resultados educacionais, quando se trata da porcentagem. O Chile, por exemplo, investe o equivalente a 4,8% do PIB daquele país, o México, 5,3% e os Estados Unidos, 5,4%.
Em valores, no entanto, o Brasil está aquém de outros países. O governo do Brasil gasta cerca de US$ 3,8 mil por estudante dos ensinos fundamental e médio nas instituições públicas, o que representa menos que a metade da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).