Candidatura de Joaquim Barbosa é irreversível, garante presidente do PSB gaúcho

O deputado federal José Stédile, que preside o PSB gaúcho, disse nesta sexta-feira considerar ‘irreversível’ a candidatura do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, à presidência da República pela legenda. “Ela é extremamente competitiva, há uma grande empolgação no partido e a bancada federal só fala nisso. É unanimidade entre os deputados federais. Só aguardamos pelo melhor momento para a definição”, declarou
Stédile afirmou ainda que, internamente, há na sigla o entendimento de que a pesquisa Datafolha divulgada no domingo, e que mostrou que o ex-ministro arranca com intenções de voto altas, entre 8% e 10%, ainda não mostra o tamanho ‘real’ de Barbosa. “A pesquisa apresenta um disco com cerca de 20 nomes. No caso do Joaquim, o nome é muito identificado com a imagem. Se for colocada a foto dele, o índice sobe demais”, adiantou.
As declarações de Stédile ocorrem um dia após a primeira reunião oficial de Barbosa com a cúpula do PSB, realizada nessa quinta-feira, e depois da qual o ex-ministro, em coletiva, declarou que ainda não convenceu a si mesmo sobre se deve ser candidato. Para a maior parte das lideranças partidárias, contudo, a candidatura está dada.
Entre os principais motivos, o fato de que Barbosa vai puxar quantidade significativa de votos na legenda, abrindo a chance real de que o PSB engrosse a bancada federal. A expectativa é tanta que, entre postulantes a uma vaga na Câmara dos Deputados e até mesmo entre os que disputarão cadeiras nas Assembleias Legislativas há a disposição de dar destaque para a foto do ex-ministro nas peças de propaganda, como forma de capitanear voto.
Ao mesmo tempo, a situação em São Paulo, antes apontada como o maior entrave à candidatura própria à presidência, nas palavras de Stédile, “está encaminhada.” Em São Paulo, PSDB e PSB fizeram dobradinha na eleição passada e elegeram a chapa Geraldo Alckmin (PSDB) e Márcio França (PSB). No último dia 6, o tucano deixou o comando de SP para poder disputar a eleição presidencial. França, que assumiu no lugar dele, vai concorrer ao governo e já declarou apoio ao tucano na eleição presidencial.
Entre os adversários na corrida pelo governo paulista, França vai enfrentar o tucano João Dória. Já Alckmin afirmou várias vezes que não vê problema em ter pelo menos dois palanques em São Paulo: o de França e o de Dória. Ainda na quinta-feira, em entrevista à rádio Jovem Pan, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que o partido compreende a posição de França. “O França tem esse compromisso com o Alckmin, mas ocorre que o Joaquim Barbosa está melhor do que o Alckmin em São Paulo”, lembra Stédile.
RS
Não é apenas em São Paulo que a provável candidatura de Joaquim Barbosa movimenta os palanques. No RS, onde o PSB encaminha em um encontro no próximo dia 5 a posição no pleito estadual, a candidatura presidencial já “está na mesa”. Na eleição estadual, são quatro as alternativas avaliadas pelos socialistas: as duas com maior número de adeptos são candidatura própria, apesar das dificuldades financeiras, ou continuidade da aliança com o governador José Ivo Sartori (PMDB), que disputa a reeleição. Vem na sequência a possibilidade de coligação com o PSDB, tendo como pré-candidato ao governo o ex-prefeito de Pelotas, Eduardo Leite. E, por fim, aliança com o ex-prefeito de Canoas, Jairo Jorge, que disputa o governo pelo PDT.
Pelo menos MDB e PSDB já ofereceram ao PSB palanque para Barbosa. Entre parte dos peemedebistas gaúchos, a possibilidade de ter um palanque que não o do presidente Michel Temer ou do ex-ministro Henrique Meirelles é vista inclusive com alívio. “Temos consciência de que os candidatos ao governo oferecem palanque ao Joaquim Barbosa porque para eles isso também é bom e não só porque querem nos segurar”, disse Stédile.
Tanto Leite quanto Jorge também já concordaram em ceder as duas vagas do Senado para o PSB, que até o momento tende a indicar o ex-deputado Beto Albuquerque e o ex-prefeito de Porto Alegre, José Fortunati. Já o MDB informou aos socialistas que o assunto é “debatível”. A questão dos dois postulantes ao Senado gera uma série de tensões internas no PSB e Stédile esclarece que não pretende discutir o assunto pela imprensa.
Entre as lideranças socialistas, contudo, vem sendo construído o entendimento de que se o partido não puder ter as duas vagas em uma aliança com o MDB e Beto insistir em disputar o Senado, Fortunati pode concorrer à Câmara ou pleitear o cargo de vice, apesar de essa última alternativa gerar outro embate, com o PSD.
Já as alas que defendem o nome de Fortunati ao Senado dizem que Beto, apesar das manifestações públicas em contrário, vinha fazendo movimentos internamente para disputar um novo mandato a deputado federal e alterou a estratégia após a chegada de Joaquim Barbosa. Porque, assim como os que vão concorrer à Câmara ou às Assembleias, postulantes ao Senado também podem turbinar as votações graças a candidatura do ex-ministro.